Direção reconhece que Inter parou de evoluir e precisa mudar panorama com urgência após derrota por 5 a 1 para o Fortaleza.
Após passar "vergonha" no domingo com
a goleada por 5 a 1 sofrida para o Fortaleza, o Inter se prepara para viver a
segunda-feira e os próximos dias imerso em uma análise profunda no
Beira-Rio. O resultado no Castelão estremeceu o vestiário colorado e colocou
em xeque o modelo de jogo de Miguel Ángel Ramírez.
Alguns bons minutos depois da partida, o vice de futebol
João Patrício Herrmann foi aos microfones para respaldar
o trabalho e bancar a permanência do treinador no clube. O respaldo ao
técnico faz parte de um discurso recorrente da diretoria.
Conforme apurado pelo ge, a saída do técnico nunca
esteve em pauta entre a diretoria até aqui. Mas Ramírez convive com o maior
momento de turbulência em três meses de Inter. E as correntes por uma mudança
no comando ganham cada vez mais força nos bastidores do clube.
A fala do vice de futebol evidenciou também uma onda de
cobranças internas por correções urgentes nos rumos do trabalho para a
sequência da temporada. As mudanças devem ocorrer no modelo de jogo e também
com saídas e chegadas no elenco. Sintomas de que a equipe não consegue
render o esperado dentro da proposta e dos conceitos de Ramírez até aqui.
O ge ouviu de mais de uma fonte que parte dos
jogadores está descontente com o andamento do trabalho e vem perdendo confiança
no modelo de jogo. Os atletas se mantêm comprometidos com o treinador. Mas há a
percepção de que a equipe executa o que é treinado. Mas isto não se traduz em
resultados nas partidas.
Tudo isso se refletiu em um dia 6 de junho que
dificilmente será esquecido pelos colorados. Totalmente envolvido pelo
Fortaleza, o Inter foi atropelado por 5 a 1 no Castelão.
Após a partida, nenhum atleta quis se manifestar. O
elenco adotou silêncio, e coube ao vice de futebol João Patrício Herrmann dar
as explicações sobre a "maior vergonha" que passou como dirigente.
O trabalho do Miguel tem ajustes a ser feito. Mas não
acredito que ele seja inflexível, que não ouça o meio, atletas. As correções
internas serão feitas. Já têm sido. Sentimos que este modelo parou de evoluir.
Precisamos resolver o mais rápido e entender a cultura gaúcha de jogar futebol
e do Inter.
Ainda em Fortaleza, houve uma reunião entre os jogadores
com cobranças "fortes" para tentar encontrar soluções aos problemas.
O planejamento para a partida, com preservações de titulares, desagradou. Foi
um dos motivos de críticas e cobranças.
Mas o mais grave para a crise atual é a sensação geral de
que o modelo de jogo atual parou não apenas de dar frutos, mas também
estagnou. Não há evolução. E parece até o contrário: a equipe sofre nas
partidas e tem apenas uma vitória nos últimos cinco jogos.
Tudo isso coloca em xeque os conceitos trabalhados
até aqui. Ramírez até ensaiou uma mudança para um esquema com dois atacantes na
referência, mas se manteve preso ao 4-3-3 como esquema de jogo padrão. Que não
funciona para fazer a equipe "dar liga" dentro do modelo de jogo
pretendido.
Ramírez no Inter
- 10
vitórias
- 4
empates
- 6
derrotas
- 38
gols feitos
- 19
gols sofridos
- 56,6%
de aproveitamento
Nesta formatação, a equipe consegue executar o jogo de
posição para controlar as ações das partidas. Mas isso se traduz apenas em
posse de bola inofensiva, na intermediária defensiva. Bem distante do estilo
ofensivo e propositivo pretendido na ruptura conduzida pelo treinador.
Outro ponto que merecerá discussões internas são as
escolhas e mudanças constantes de escalação. Ele jamais repetiu uma formação
inicial em 20 jogos comandados até aqui. Alguns atletas bastante utilizados
podem perder espaço e até ser negociados. São casos de jogadores que
“necessitem troca de ares”.
Ramírez precisa corresponder. O time está na zona de
rebaixamento, em 17º, com apenas um ponto após duas rodadas. A chance de
amenizar a crise é nesta quinta-feira, quando recebe o Vitória pela Copa do
Brasil.
Como ganhou por 1 a 0 em Salvador, os gaúchos podem até
empatar que se classificam às oitavas de final. Caso percam por um gol de
diferença, a decisão será nos pênaltis. Derrota a partir de dois gols de
diferença elimina o Inter.
Fonte: GE