Colorado enfrenta dificuldades além das más condições do
campo e perde para o Juventude no jogo de ida da semifinal do Gauchão.
Bastava um mísero passe de alguns poucos metros para
perceber: a bola mais quicaria do que rolaria na grama da Montanha dos Vinhedos
neste domingo, durante o jogo de ida da semifinal do Gauchão entre Juventude e
Inter. Como de fato aconteceu. Os 132 passes incompletos registrados
pela central de estatísticas da Globo atestam.
O gramado castigado e irregular dificultou toda e
qualquer ação ao longo dos 90 minutos da partida em Bento Gonçalves. Mas é
verdade também que o Inter viveu uma atuação no mesmo nível das condições
do campo na derrota
por 1 a 0.
Nas entrevistas após o tropeço, Miguel
Ángel Ramírez e Yuri
Alberto criticaram - com razão - o estado do gramado. Afirmaram -
também com razão - que as condições de jogo impactaram o rendimento da equipe e
são fator a levar em conta na análise.
O Inter, porém, sofreu não só pelo campo, mas por erros e
falta de soluções às dificuldades impostas pelo Juventude. Tanto que o gramado,
de tão irregular, "ajudou" o Colorado a escapar de um resultado
pior.
Aos quatro minutos do segundo tempo, Marcos Vinicios saiu
livre e em velocidade às costas da defesa colorada. Tinha campo aberto para
invadir a área e sair na cara de Marcelo Lomba. Mas a bola quicou no gramado,
bateu em suas canelas e ficou à feição do goleiro colorado (veja abaixo).
Guarde bem este lance, porque ele se repetiu para
decretar a derrota colorada. Mas antes é preciso falar das dificuldades do
Inter sempre que teve a bola na Montanha dos Vinhedos.
Em um gramado no qual trocar passes era missão tortuosa,
o Colorado não conseguiu impor seu jogo – também freado pela marcação de um
Juventude que recheou o meio-campo para fechar espaços. Tampouco foi eficiente
nas alternativas tentadas para superar as dificuldades e criar chances de gol.
Progredir no campo criando vantagens a partir da troca de
passes se provou missão impossível. A engrenagem tão ensaiada por Ramírez em 10
jogos e dois meses de trabalho não funcionou. E as bolas longas também não
surtiram efeito para municiar Yuri Alberto, isolado em um deserto no ataque
colorado.
Não à toa, o Inter só foi chutar uma bola na direção do
gol para obrigar Marcelo Carné a fazer a sua única defesa do jogo aos 24 do
segundo tempo, com Praxedes. Ao todo, foram 11 finalizações contra cinco do
Juventude, com um total de 63% de posse de bola colorada.
Números do jogo
- Posse
de bola: Juventude 37% x 63% Inter
- Finalizações: Juventude
5 x 11 Inter
- Escanteios: Juventude
2 x 8 Inter
- Passes
certos: Juventude 166 x 377 Inter
- Passes
incompletos: Juventude 58 x 74 Inter
- Percentual
de acerto de passes: Juventude 73,7% x 83,5% Inter
Além disso, o percentual de acerto de passes ficou bem
abaixo dos 90%, com direito a 132 incompletos, de acordo com as estatísticas da
Globo. O Juventude foi responsável por 58 deste total, e o Inter, 74.
A equipe teve dificuldades, e as soluções tentadas por
Ramírez as aprofundaram. Em suas primeiras duas trocas, o treinador sacou
Edenílson e Lucas Ribeiro para as entradas de Nonato e Rodrigo Lindoso. Recuou
Rodrigo Dourado para ser zagueiro.
Depois, escolheu Praxedes para substituir Patrick. Um
jogador talhado para trocar passes e pensar o jogo em um gramado esburacado. Em
vez de uma opção de velocidade para tentar romper linhas e atacar a
profundidade, como Caio Vidal, que só entraria mais tarde, com Thiago Galhardo,
quase no apagar das luzes.
Mas a mudança na defesa foi a que se provou fatal. Em um
erro de saída de bola, coube a Dourado - um jogador não acostumado a este tipo
de cobertura - correr atrás de Marcos Vinicios. O atacante partiu de trás de
Heitor - que também falhou no lance - e saiu livre para aproveitar uma ligação
direta e marcar o gol da partida.
E decretar a derrota colorada. Uma derrota que não merece
análises definidoras sobre o trabalho de Miguel Ángel Ramírez, dadas as
condições do gramado. Mas que ocorreu também por erros, não só pelo campo.
Nesse tipo de gramado é muito difícil jogar o que
queremos. O passe não é rápido. O controle no primeiro contato se levanta. Os
cruzamentos não acontecem direito. O remate de primeira em um gramado bom seria
capaz de executar. Como estava hoje, é complicado para criar, controlar.
— Miguel Ángel Ramírez
Com a derrota, o Inter precisa vencer o Juventude por
dois gols de diferença para avançar à final do Gauchão. Uma vitória por 1 a 0
leva a decisão aos pênaltis.
As duas equipes voltam a se enfrentar às 19h do próximo
sábado, no Beira-Rio. Antes, o Inter recebe o Olimpia em casa, na quarta-feira,
às 21h, pela Libertadores.
Fonte: GE