Protótipo de equipe de Uberlândia será validado e
colocado à prova no MotoStudent, evento na Espanha "filho" do MotoGP.
Motocicleta vai de 0 a 100 km/h de três a quatro segundos.
De 0 a 100 km/h de três a quatro segundos e velocidade
máxima estimada de 150 km/h. Essa é a primeira moto elétrica de corrida do
Brasil, desenvolvida por universitários em Uberlândia, no interior de
Minas, e que representará o país na sexta edição do MotoStudent, em julho, na
Espanha. No evento internacional, "filho" do MotoGP, os estudantes
devem projetar do zero uma motocicleta de competição e alto rendimento.
A Tadarida MotoRacing UFU, equipe de competição do
Laboratório de Mobilidade Automobilística e Urbana (Lamau) e formada por
universitários da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), é a responsável
pelo projeto pioneiro no Brasil. Idealizador da moto elétrica de corrida e
universitário de engenharia mecânica, Ruy de Sousa Alves, explicou a
potencialidade do projeto.
– A moto tem um potencial abrangente muito alto, nem todo
desbravado por nós. Como alunos de graduação, temos algumas limitações. Mas é
uma moto de competição porque a parte estrutural dela foi desenvolvida com alta
tecnologia. Grande parte do material veio da China e de outros países também,
porque o Brasil não consegue suprir essa necessidade. Então, todo esse contexto
com o material de ponta, permite esse alto rendimento da moto – explicou Ruy.
Moto elétrica de corrida desenvolvida em Uberlândia é
pioneira no Brasil
O principal foco do protótipo é a participação no
MotoStudent, que será realizado entre os dias 15 e 18 de julho na
Espanha. A equipe de Uberlândia será a única representante brasileira na
categoria motos elétricas no evento, que reúne mais de 80 países. A
competição, que também é uma validação do projeto, inspirou a criação do MotoE,
categoria elétrica do Campeonato Mundial de Motovelocidade.
– A Espanha é referência, o MotoGP nasceu lá. Esse
evento é um "filho" do MotoGP, que começou em 2015 e foi o estopim
para o MotoGP elétrico, em 2019. Os organizadores (do MotoGP) estarão lá para
essa validação. É bom também para entender em que nível os países estão de
desenvolvimento – disse o universitário.
No quesito motor elétrico, todas as equipes estarão no
mesmo nível, já que a competição fornece o mesmo motor a todos após a
efetivação da inscrição. Além da validação de engenharia, com premiações em
vários nichos, no fim, os pilotos das equipes irão à pista em uma competição.
Além do motor elétrico trifásico, com eficiência
energética de até 96% e fornecido pela competição, a bateria foi projetada
pelos integrantes da equipe e é composta de 432 células de lítio-íon
recarregáveis. O chassi foi feito a partir de liga de alumínio 6061 T-6
(alumínio aeronáutico) e liga de aço 1020, que proporciona leveza e resistência
necessária e deixa o projeto mais competitivo.
Niko Ramos pilotará protótipo em testes e no MotoStudent,
na Espanha
Antes de embarcar para a Espanha, a ideia é realizar dois
testes em pista com piloto. O primeiro em Uberlândia, em uma pista de
arrancada, será daqui cerca de dois meses. Depois, um segundo teste está sendo
organizado para o autódromo de Interlagos, em São Paulo.
– Temos um piloto, Niko Ramos, de São Paulo, jovem como
nós, que busca um espaço ainda, mas que já compete há muitos anos. Ele virá
para Uberlândia para esse teste. Posterior a isso, estamos organizando um teste
em Interlagos, que será uma volta de apresentação na pista. Todos os
patrocínios que tive e temos, basicamente, é para que essa moto não fique na
universidade. Ela estará constantemente andando. Nossa bandeira é essa – pontou
Ruy.
Preço do pioneirismo
Após pesquisas de mercado e conversas com grandes
fábricas e importadoras nacionais, o universitário não encontrou
desenvolvimento em motos elétricas de corrida no Brasil, tornando o projeto
pioneiro. Segundo ele, o mercado em si não quer esse desenvolvimento
agora, já que mercado de motos à combustão é alto. E com a tecnologia de
veículos elétricos ainda pouco difundida no país, a produção do protótipo
tornou-se ainda mais onerosa.
Em meio às dificuldades, a equipe mineira se mobilizou
para levantar recursos com venda de água em semáforos, rifas, busca por
parcerias, entre outros. Mesmo após os mais de R$ 120 mil arrecadados, mais de
dois anos de trabalho e da passagem de mais de 100 estudantes na trajetória do
laboratório, existe a possibilidade de a moto elétrica não embarcar para a
competição na Espanha.
Ruy estima que os gastos com o transporte de ida e volta
da moto para o MotoStudent, bem como os custos com a logística de parte dos
universitários e do piloto, serão de R$ 40 mil. Sem alternativas presenciais
para arrecadar recursos por conta da pandemia de Covid-19, a saída encontrada
foi a criação de uma vaquinha on-line, com doações a partir de R$ 10 (veja como apoiar neste link).
– Sempre contamos com ações proativas para arrecadar
verba, que dependia apenas da nossa execução. Mas com a pandemia, ficamos refém
disso. Lançamos a vaquinha para tentar angariar os outros fundos que faltam.
Temos parceiros que nos ajudam com material também, mas também se faz
necessário a ajuda em dinheiro – finalizou.
Equipe responsável pela criação da moto elétrica de
corrida conta com cerca de 30 pessoas atualmente.
Fonte: GE