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Procura pelo tiro desportivo é cada vez maior em Mato Grosso

Antes visto com receio por requerer manuseio com arma de fogo, o tiro prático está cada vez mais conquistando adeptos.
Reflexo disso são os dados recentes divulgados pelo Exército, segundo o qual só em 2016 foram emitidas mais de 20 mil licenças para pessoas físicas terem acesso a uma arma de fogo no Brasil. 
Em Mato Grosso não é diferente. Segundo o diretor técnico do Clube de Tiro Pantanal, Leandro Paes de Farias, a cada ano aumenta em 20% o número de praticantes no Estado. 
E é um engano imaginar que o principal motivo da adesão ao esporte seja a necessidade de ter mais segurança. 
“Só no nosso clube são 320 atletas. Pode até ser que em um primeiro momento as pessoas procurem por causa da insegurança. Porém, é só no primeiro momento. Depois a pessoa se apaixona pelo esporte”, afirmou Leandro, que prática o tiro há 13 anos. 
Ele conta que o tiro prático tem conquistado atletas de todas as idades. “Vai desde o adolescente a uma pessoa já considerada idosa. Seja aquele pai de família, com filhos adolescentes e até mesmo mulheres”, relatou. 
Alair Ribeiro/MidiaNews
Leandro Farias - Atirador
“Sou atirador há 13 anos e eu tenho visto que as pessoas estão querendo se capacitar, estar preparada para se defender"
O esportista diz que a prática tem crescido de modo contínuo em Mato Grosso. Tanto que, de acordo com ele, diversos novos stands têm sido abertos nos últimos tempos. 
“Sou atirador há 13 anos e tenho visto que as pessoas estão querendo se capacitar, estar preparada para se defender. A maioria busca isso num primeiro momento, no tiro prático, mas depois elas começam a participar porque gostam. Eu sei porque elas me falam isso”, contou. 
“No último campeonato, vi uma família – um pai, a mãe e duas filhas adolescentes. Fiquei os observando. Quando estavam indo embora, perguntei qual era o interesse deles. E eles responderam que gostavam do esporte. O pai me disse que as filhas são apaixonadas e tinham interesse em praticar no futuro”, disse. 
Licença para atirar 
Apesar do aumento na emissão do Certificado de Registro (CR) de atirador, pelo Exército, o diretor ressalta que os critérios para quem deseja obtê-lo continuam rigorosos. 
Há duas maneiras de se obter a licença para atirar: pela Polícia Federal ou Exército. 
É necessário saber que, de acordo com a lei federal 10.826, o cidadão que deseja ter o registro de uma arma não pode ter quaisquer antecedentes criminais ou estar respondendo a alguma ação penal na Justiça. 
Além disso, ainda é obrigado a realizar exames psicológicos e de capacidade técnica, o que deve ser feito a cada três anos. 
“Pela PF, você consegue adquirir uma arma se apresentar toda documentação obrigatória. Aí você tem o direito de comprar uma arma para ter em sua residência. Outro meio é pelo Exército, mas vale ressaltar que neste caso a licença expedida é somente para a prática do tiro esportivo. Em momento nenhum para outros motivos”, explicou Leandro. 
O processo para se obter um certificado que dê a permissão para ter uma arma em casa demora cerca de 90 dias, incluindo os trâmites teóricos e práticos. O preço varia em torno de R$ 300 a R$ 500. 
Porte de trânsito 
Posse de arma de fogo significa tê-la em casa ou no trabalho, sem trazê-la consigo fora de suas propriedades. Mesmo quem esteja transportando uma, pode responder pelo crime de porte ilegal de arma de fogo. 
Ou seja, mesmo que o cidadão tenha o CR, não pode simplesmente sair com uma arma na rua. 
É necessário ir na Polícia Federal e obter um documento chamado “porte de trânsito” ou "guia de trânsito". Nele é colocado o endereço de onde a arma vai sair até para onde será levada. No caso dos atiradores desportivos, é permitido o trânsito da arma da residência do atirador até o clube de tiro, ou estande. 
Quem tem interesse em conhecer mais do esporte, ou queira obter uma arma, primeiramente deve procurar um despachante – aquela pessoa que irá agilizar todo o processo e orientar a passar por todas as etapas do processo. 
Segundo Leandro Farias, os despachantes podem ser encontrados em qualquer clube de tiro esportivo do Estado. O do Pantanal fica localizado na Estrada do Coxipó do Ouro Km 3,5, a partir da Rodovia Emanuel Pinheiro. 
Alair Ribeiro/MidiaNews
Leandro Farias - Atirador
"Pode até ser que em um primeiro momento as pessoas procurem por causa da insegurança. Porém é só no primeiro momento"
Modalidades do tiro 
ISPC - O grande desafio é conseguir a maior pontuação no menor tempo possível, percorrendo “stages” ou pistas de diferentes cenários.
Os atletas de IPSC são organizados em divisões de acordo com o tipo de arma do atirador. São elas: open, standard, classic, production e light. 
Leandro é bicampeão da categoria light e neste ano busca ganhar o título de tricampeão da categoria standard.
Saque Rápido - Ao iniciar a prova, o atleta deve estar com as mãos acima dos ombros, arma carregada no coldre, e os disparos devem atingir o centro do alvo. São 5 alvos a distâncias de 5 a 15 metros, com tempos pré-determinados de 3 a 8 segundos para cada série de 5 disparos.
Steel Challenge - A modalidade, conhecida como desafio do aço, é uma competição interessante ao expectador pelo uso de alvos metálicos reativos e muito simples de ser compreendida – velocidade é tudo. A prova é disputada em 5 “strings” ou passadas, onde o competidor deverá atingir os alvos no menor tempo possível.
Silhueta Metálica - É considerada uma das modalidades mais difíceis. Possui características distinta do dinamismo das demais, pois exige estandes próprios. Os alvos são metálicos e lembram o perfil de galinhas, porcos, perus e carneiros. Eles são organizados em filas de 10 com distâncias entre 25 e 100 metros e o atirador tem 4 minutos para derrubar cada fileira.
Trap Americano – Imagine um prato de aproximadamente 10 cm saindo sem direção definida, de uma casamata semienterrada distante a 15 metros, numa velocidade de 50km/h. Este é o cenário do competidor do Trap, que se repete 100 vezes, em 5 posições diferentes. Ganha o que acertar mais pratos.
Precisão de Fuzil – Deitado, o competidor tem 10 minutos para acertar o centro de um alvo, que pode estar distante a 100, 200 e ou 300 metros. No Clube de Tiro Pantanal, os alvos estarão a 200 metros de distância. Ganha aquele que atingir a pontuação máxima, com acertos concentrados no meio do alvo. 
Fonte: MT Esporte
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