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10 anos sem Telê: o que o Mestre faria hoje se fosse técnico do São Paulo

Jogadores campeões com Telê Santana no Tricolor contam histórias e dizem como ele comandaria o Tricolor na partida decisiva contra o The Strongest, na Libertadores.

21 de abril de 2016. O São Paulo entrará em campo para tentar continuar na Libertadores, taça que aprendeu a ganhar pela genialidade de Telê Santana, falecido em 21 de abril de 2006.
O técnico bicampeão em 1992 e 93 se tornou o maior da história do clube com títulos e mais títulos no início dos anos 90. As duas Libertadores, em cima do argentino Newell's Old Boys e do chileno Universidad Católica, levaram o Tricolor ao Japão, ao topo do mundo, e levaram Telê pra a um lugar cativo e eterno no coração de cada torcedor. Seja qual for a idade. Telê é história.
O são-paulino gostaria que ele fosse presente, e pudesse ajudar a arrancar pelo menos um empate do The Strongest, na temida altitude de 3.600 metros de La Paz, capital boliviana. 
– Os jogadores sabem do legado que o seu Telê deixou aqui. Que essa vitória seja o início de uma grande caminhada que nós conhecemos bastante porque ele nos mostrou. O mais importante é que o São Paulo tem todas as condições de vencer o jogo – afirmou Pintado, bicampeão com o técnico e, hoje, auxiliar-técnico do argentino Edgardo Bauza.
O que Telê Santana diria à equipe? De que forma ele comandaria a equipe? Foi o que o GloboEsporte.com perguntou a alguns jogadores campeões com o Mestre no São Paulo.
Tranquilidade, cobrança, cuidado no início do jogo, ênfase no treinamento...
Veja o que eles responderam:

Cafu (lateral-direito do São Paulo de Telê)
Cafu participou do jogo de despedida de Rogério Ceni em 2015 (Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net)
– Em partidas como essa, ele falava para jogarmos como havíamos treinado. Nossa qualidade de treino era impressionante, nos dedicávamos muito. Era colocar em prática. Mesmo em decisões, ele deixava o time tranquilo. Suas palestras não mudavam, independentemente da importância do jogo. A pergunta era sempre a mesma: "O que vocês fizeram para chegar até aqui?".

Toninho Cerezo (meia do São Paulo de Telê)

Cerezo foi titular com Telê Santana contra Barcelona e Milan (Foto: Agência Getty Images)
– Ele sempre teve muito controle em momentos de decisão: eu o vi ficar vermelho muitas vezes em treinamentos, mas nos jogos sempre muito tranquilo porque preparava bem a equipe. Num jogo com essa importância, sempre prevalecia o preparo e a confiança. Sabíamos quando ele estava nervoso, ele ficava bem vermelho. Normalmente, em véspera de jogo, ele rodava o apito entre os dedos, tinha semblante de tranquilidade. O preparo era o treinamento.
Leonardo (lateral-esquerdo e meia do São Paulo de Telê)

Leonardo jogou tanto na lateral como no meio (Foto: Arquivo Histórico do São Paulo FC)
– Em finais ou jogos decisivos eram os momentos mais tranquilos dele. Ele ficava mais nervoso em jogos mais tranquilos. Nessa hora, ele buscava uma cumplicidade, tinha sensações muito fortes e buscava dar segurança. Ele tinha uma ideia de jogo muito clara, era um cara muito detalhista. Tínhamos relação afetiva forte com ele. Uma passagem me marcou bastante. Na final do Brasileiro de 1991, o Zé Teodoro (lateral-direito) se machucou contra o Bragantino. O Telê ficou na dúvida sobre como jogar e fez uma reunião com quatro ou cinco jogadores para saber nossa opinião. Ele nos consultava quando era preciso. Com quem estava com ele há um tempo, bastava olhar. A comunicação era feita por olhares.
Palhinha (meia do São Paulo de Telê)

Palhinha recebe a marcação de Zinho em clássico contra o Palmeiras (Foto: Gazeta Press)
– Num momento como esse ele estaria bufando em nossas orelhas (risos). Sabíamos que ele estaria sempre do nosso lado, ele nos cobrava porque sabia do nosso potencial. O problema é que às vezes o treinador cobra, mas os jogadores não têm potencial para responder.



Vitor (lateral-direito do São Paulo de Telê)

Vitor também foi homenageado pelo São Paulo (Foto: Fernando Nunes / saopaulofc.net)
– Ele sempre dizia: "Meu time não pode tomar gol nos primeiros 15 minutos". O Telê para mim foi um pai que cobrava, o chato do bem que sempre se posicionava. Enquanto ele falava é porque gostava. Ele cobrava muito e fazia com que o atleta se sentisse responsável pelos seus erros. Ele jogava a responsabilidade e nós acolhíamos. O Telê fazia diferença, fazia o atleta melhorar naquilo que não estava rendendo.

Fonte: Ge
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