Uma funcionária da CBF denunciou formalmente o presidente
Rogério Caboclo por assédio moral e sexual. O documento foi protocolado nesta
sexta-feira na “Comissão de Ética” e “Diretoria de Governança e Conformidade”.
As informações foram veiculadas pelo GE.
A funcionária detalhou episódios desde abril de 2020 e
garante ter provas suficientes de tudo. O pedido é de afastamento da CBF e da
Justiça Estadual. A profissional relata constrangimento na presença de
dirigentes e os dias em que foi questionada sobre “se masturbar” e forçada a
comer biscoito de cachorro ao ser chamada de “cadela”.
A funcionária ainda aponta que foi exposta diante de outros
colaboradores com mentiras criadas pelo presidente relacionamentos na CBF.
Essas mentiras teriam sido contadas na frente de outros diretores.
De acordo com GE, os vice-presidentes da CBF e outros dirigentes sabiam da
denúncia há mais de um mês. A funcionária integrante do time de cerimonialistas
avisou colegas sobre o assédio.
Nenhuma medida foi tomada pela CBF até a formalização da
denúncia, ocorrida apenas nesta sexta-feira. Ela mostrou a pessoas próximas
parte de seu acervo de provas antes de oficializar a queixa. Houve pedido de
afastamento por motivos de saúde no mesmo dia em que ela contou para amigos,
ainda em abril.
Essa funcionária está na CBF desde 2012 – iniciou na recepção da confederação e
foi promovida ao setor de cerimonial. O GE apurou que ela é querida entre
colegas, dirigentes e parceiros da entidade. Ela só tem falado com advogados e
familiares desde a licença há mais de um mês e meio.
Rogério Caboclo tentou acalmar os ânimos antes da convocação
da seleção brasileira em 14 de maio. Ele se reuniu com a comissão técnica de
Tite para dar sua versão sobre as informações relatadas pela funcionária.
Àquela altura, já se sabia do suposto assédio.
Nesta semana, a situação piorou. O presidente da CBF
conversou com os jogadores da seleção sobra a mudança repentina da sede da Copa
América para o Brasil. Os atletas mais experientes reclamaram de saber pela
imprensa sobre o importante fato. Existe a chance de um boicote ao torneio
continental.
“Temos uma opinião muito clara e fomos lealmente, numa
sequência cronológica, eu e Juninho, externando ao presidente a nossa opinião.
Depois, pedimos aos atletas para focarem apenas no jogo contra o Equador. Na
sequência, solicitaram uma conversa direta ao presidente. Foi uma conversa
muito clara, direta. A partir daí a posição dos atletas também ficou clara.
Temos uma posição, mas não vamos externar isso agora. Temos uma prioridade
agora de jogar bem e ganhar o jogo contra o Equador. Depois desses dois jogos,
vou externar a minha posição”, disse o técnico Tite, na última quinta-feira.
Diante desse cenário caótico, o Brasil enfrentará o Equador
nesta sexta-feira, às 21h30 (de Brasília), em Porto Alegre, pelas Eliminatórias
para a Copa do Mundo. Na terça, o rival será o Paraguai, em Assunção. A decisão
de Tite e do elenco sobre a Copa América só deve ocorrer após esses
compromissos.
Gazeta Esportiva (foto: reprodução)