O trabalho de Pia Sundhage na seleção feminina de futebol
está apenas no início, mas um dos maiores nomes da história da modalidade no
Brasil defende que a técnica sueca tenha, ao menos, a garantia de mais um ciclo
de trabalho, independente do resultado nos Jogos de Tóquio (Japão). Ex-zagueira
e capitã da seleção, pela qual atuou entre 2004 e 2013, Aline Pellegrino
acredita que o papel da treinadora será fundamental, principalmente na
transição entre a geração das craques Marta, Cristiane e Formiga e a seguinte.
“Se olharmos para a primeira Copa do Mundo, em 1991, e a
primeira Olimpíada [com futebol feminino], em 1996, nunca tivemos um técnico
por quatro anos inteiros. Que bom que ela começou antes [de um ciclo completo].
Acho que tem de ser cobrança zero [por resultados em Tóquio]”, declarou Aline à
Agência Brasil durante evento na unidade Interlagos do Sesc, em São Paulo.
“O que imagino da Pia? É na hora que uma Marta, Formiga e
Cristiane estiverem saindo. Acho que, se não tivesse uma Pia, elas estariam mais
perdidas. Hoje, elas têm uma comandante, sabem onde seguir. Na hora da
transição, já se terá um caminho trilhado”, afirmou.
Os números de Pia são positivos. Em oito jogos, são seis
vitórias e dois empates no tempo normal (a seleção perdeu duas disputas na
disputa de pênaltis, para Chile e China). Foram 24 gols marcados e dois
sofridos, com 42 atletas diferentes convocadas e 38 testadas no período. Nessa
sequência, destaque para as goleadas sobre México (6 a 0) e Argentina (5 a 0),
ambas em São Paulo, e vitórias sobre seleções à frente no ranking mundial como
Inglaterra (2 a 1) e Canadá (4 a 0). Para o Torneio amistoso da França, entre 2
e 11 de março, a sueca chamou nesta terça-feira (18) duas caras novas: a
goleira Natascha, do Paris (França), e a lateral Jucinara, do Corinthians.
A técnica assumiu o time brasileiro em julho no lugar de
Vadão, que deixou a seleção após a eliminação nas oitavas de final da última
Copa. Pia chegou credenciada pelo bicampeonato olímpico no comando dos Estados
Unidos (2008 e 2012) e pelo prêmio de melhor treinadora de futebol feminino
pela Fifa em 2012. Na Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro, conquistou a
medalha de prata com a Suécia, batendo a equipe de Marta e companhia nas
semifinais.
“É a melhor técnica do mundo”, afirmou Aline. “Espero que
Pia esteja sendo feliz aqui no Brasil, com as jogadoras e o que está sendo
oferecido, para que ela deseje seguir por muito tempo. Ela esteve acompanhando
os jogos do Campeonato Brasileiro, do Paulista e de outros estaduais. É a
característica dela. Gosta de estar perto dos clubes, das organizações. Estamos
no caminho e temos que aproveitar essa experiência dela”, completou.
Diretora de futebol feminino da Federação Paulista (FPF)
desde 2016, Aline atuou profissionalmente entre 1997 (quando tinha apenas 15
anos) e 2013. Pela seleção, fez parte da geração medalhista de prata nãos Jogos
de Atenas (2004), foi vice-campeã mundial em 2007, na China, e foi superada nas
quartas de final da Copa de 2011, na Alemanha, pelos Estados Unidos (à época comandados
exatamente por Pia). Após a carreira como jogadora, foi técnica do Vitória das
Tabocas (PE) e supervisora do time formado na parceria Corinthians/Audax,
precursora da atual equipe feminina do timão, antes de assumir o cargo na FPF.
Edição: Fábio Lisboa
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