Comentarista de arbitragem elogia mudanças aprovadas pela
IFAB nas regras do futebol.
Para Sandro Meira Ricci, tópicos sobre substituição e
tiro de meta vão melhorar tempo de bola rolando; e cartões para comissão
técnica, a disciplina. Segundo ele, árbitros já praticavam interpretações sobre
mão na bola e posição do goleiro.
Comentarista da arbitragem da TV Globo, do Sportv e do
Premiere, Sandro Meira Ricci aplaudiu algumas das mudanças aprovadas hoje nas
regras do futebol, durante
a reunião anual da International Board, o Comitê Internacional das
Associações de Futebol (IFAB, da sigla em inglês), em Aberdeen (Escócia).
Árbitro brasileiro escalado para as duas últimas edições
da Copa do Mundo, em 2014, no Brasil, e 2018, na Rússia, Sandro Meira Ricci
analisou as mudanças, a pedido do GloboEsporte.com, e considerou que
duas delas vão aumentar o tempo de bola rolando.
Mão/braço na bola
Foi decidido que a regra da mão na bola será "mais
precisa e detalhada". A nota da IFAB informa que gols marcados diretamente
com após toque de mão ou braço, mesmo que acidentalmente, e oportunidades de
gol criadas depois de ganhar a posse da bola com a mão ou braço, mesmo que de
maneira acidental, não deverão ser validados.
"Para os árbitros e para os jogadores não muda
absolutamente nada", opinou Sandro Meira Ricci. "Os árbitros já
praticavam essa interpretação em campo, baseados no conceito de espírito do
jogo, de tomar a decisão que o futebol espera. O que a IFAB/Fifa fez foi
explicitar no texto da regra tal qual o conceito de espírito do jogo para os
lances de bola na mão de um atacante antes de ele marcar um gol ou criar uma
oportunidade de gol para sua equipe depois de a bola bater na sua mão, mesmo
que sem intenção".
Substituição na linha mais próxima
O comunicado também informa que, depois de fazer
experimentos ao redor do mundo, a IFAB decidiu que os jogadores substituídos
passarão a ter a obrigação de deixar o campo na linha mais próxima, seja
lateral ou de fundo.
"Alteração interessante porque acelera o reinício do
jogo e evita cartões amarelos", avaliou Sandro Meira Ricci.
"Atualmente, perde-se cerca de três minutos de bola rolando com
substituições em uma partida. Com essa mudança, as substituições serão mais
rápidas e teremos mais tempo de bola em jogo. Além disso, serão evitados
cartões amarelos para aqueles jogadores que, ao serem substituídos, costumavam
atravessar todo o campo só para ganhar tempo e a acabavam por vezes gerando
conflitos com adversários".
Tiro de meta sem que a bola saia da área
Entre as mudanças, uma alteração com relação às cobranças
de tiro de meta. A IFAB apontou que, agora, não haverá mais obrigação de que a
bola deixe a grande área nas cobranças de tiros de meta ou cobranças de falta
dentro da área do time que estiver na defesa.
"Alteração prática que também aumenta tempo de bola
rolando", elogiou Sandro Meira Ricci. "Muitas vezes, o árbitro tinha
que mandar voltar a cobrança de um tiro de meta ou de uma falta para a defesa
só porque a bola não tinha saído da grande área antes de ser tocada por outro
jogador diferente do cobrador. Muitas vezes, os jogadores faziam isso de
propósito só para o árbitro mandar voltar a cobrança e, com isso, ganhar tempo,
principalmente, quando eles estavam ganhando o jogo".
Bola ao chão
O comunicado informa ainda mudanças na questão de quando
o árbitro deve paralisar o jogo para dar bola ao chão. O juiz deverá reiniciar
a partida desta forma quando a bola bater em seu corpo.
"Essa mudança é interessante, se o desvio no árbitro
gerar uma vantagem tática para alguma equipe. Mas se não alterar a dinâmica da
jogada, entendo que o jogo não deva ser paralisado", opinou Sandro Meira
Ricci.
Goleiro com um dos pés na linha em cobrança de pênalti
Outra mudança ocorrerá na posição dos goleiros em
cobranças de pênaltis. Os arqueiros, que antes deveriam permanecer na linha
para poder defender, agora só serão obrigados a manter um de seus pés sobre a
linha de gol.
"Outra mudança que, na prática, não altera nada para
árbitros e goleiros", analisou Sandro Meira Ricci. "Isso porque a
regra atual já prevê que somente o adiantamento claro do goleiro deva ser
punido. O goleiro que mantém um pé na linha na cobrança do tiro penal não está
infringindo a regra. A IFAB/Fifa apenas deixou isso expresso no texto da regra,
assim como fez com a situação de bola na mão de um atacante".
Cartões para comissão técnica
A IFAB também aprovou que as más condutas de membros de
comissões técnicas deverão ser punidas com cartões amarelos ou vermelhos, assim
como já acontece com atletas.
"Muito positiva essa mudança porque aumenta a
transparência e a previsibilidade nas decisões da arbitragem em relação ao
comportamento dos treinadores", comemorou Sandro Meira Ricci. "Agora,
a exemplo dos jogadores, eles poderão ser advertidos antes de serem expulsos, a
não ser que seu comportamento mereça a expulsão direta".
Posição sobre o VAR
No encontro, a IFAB também analisou a utilização do
árbitro assistente de vídeo (VAR) em eventos como a Copa do Mundo, no ano
passado. O comunicado afirma que o órgão "expressou sua satisfação com o
impacto significante e o sucesso que o VAR teve".
"Certamente, a continuidade do VAR foi a decisão
mais previsível de todas", avaliou Sandro Meira Ricci. "Realmente, o
árbitro de vídeo se espalhou pelas ligas ao redor do mundo e hoje é uma
ferramenta demandada por todos que fazem futebol, dos dirigentes aos
torcedores. Na minha opinião, a tendência é que esse movimento se fortaleça, e
a participação do VAR ultrapasse a barreira das quatros situações (gols,
pênaltis, cartões vermelhos diretos e erro de identificação de jogador), que,
hoje, limitam a atuação da ferramenta".
Entrada em vigor das mudanças
A IFAB estabeleceu a data de 1º de junho deste ano para
as mudanças aprovadas hoje passarem a vigorar. A minuta da reunião, com os
textos sobre cada modificação, será enviada a cada uma das 211 associações
nacionais filiadas à Fifa para a divulgação junto aos árbitros e oficiais de
arbitragem e a implementação.
"As mudanças estarão valendo a partir de 1º de junho
de 2019. Acontece que a International Board dá o direito às associações
nacionais, no caso do Brasil, a CBF, de colocar em vigor a partir do início do
seu campeonato nacional, no caso, o Brasileiro. Ainda cabe à CBF uma reunião
para estabelecer se essas mudanças vão acontecer a partir do início do
Brasileirão (em abril), ou somente a partir de 1º de junho (com a competição em
andamento)", encerrou Sandro Meira Ricci.
GE
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