Major da Polícia Militar de Mato Grosso, Hernandes Magalhães tem 35 anos e conseguiu uma trajetória notável como corredor. Pouco mais de um ano após começar a correr com acompanhamento profissional, ele já correu uma maratona (são 42 quilômetros de percurso) e se prepara para participar de uma ultramaratona, prova de nada menos que 102 quilômetros.
Ele contou ao
que sempre praticou atividade física. Sempre jogou futebol quando criança e na adolescência passou a correr sem muitos objetivos, como o próprio descreve, a não ser o de sentir-se praticando alguma atividade física.
Já adulto, entrou na carreira militar exatamente porque era a possibilidade de conciliar aptidões pessoais com o horizonte profissional. Seguiu a vida na corporação fazendo exercícios físicos regulares, como exige a carreira, mas só decidiu mesmo levar a coisa mais a sério em 2016.
“Fui evoluindo em corridas de rua, asfalto. Participei de algumas provas do Ultramacho. Foi quando eu me empolguei e me interessei mais por provas fora do asfalto. Desde então comecei a treinar especificamente para isso”, explica, por telefone. Até então, a distância máxima percorrida por ele chegava aos 14 quilômetros.
“Mas foi tudo muito rápido, em 2016 já fiz a primeira meia-maratona a ToroAre”. No mesmo ano, correu Maratona de São Paulo (42.195 metros). “Não parei mais, no final do ano corri minha primeira ultramaratona de 50 quilômetros”.
Assim, treinos agora seguem uma planilha. Fez a primeira prova de 21 quilômetros no ano passado, em seguida correu uma prova de 42 quilômetros e, para finalizar, fez sua primeira ultramaratona, uma prova de 50 quilômetros. Ultras são as corridas com percurso acima de 42 quilômetros. Aprendeu que a preparação para grandes percursos não é só física.
E cita o episódio pelo qual passou por um acidente que custou-lhe o primeiro lugar na ultramaratona de Santa Catarina (de 80 quilômetros). Exausto mas focado, liderava a prova, realizada à noite. Um obstáculo porém, foi interposto em seu caminho. Calculou mal a altura de uma pedra, abaixou-se pouco e acabou atingido na cabeça. Um corte foi aberto na hora. Pronto para a intempérie, utilizou o kit de primeiros socorros e fez um curativo. Levantou-se e seguiu.
Arquivo pessoal
Desafios noturnos dentro das ultramaratonas são algo constante na nova vida do major
Conseguiu a terceira colocação após um tempo total de dez horas e meia correndo. O major atribui esse tipo de desempenho ao extenuar-se em treinamentos e preparação.
“Não é da noite do pro dia que se ganha esse condicionamento, é uma evolução constante”, revela. Conta também o fato de sempre ter alguma atividade esportiva envolvida na vida dele.
A próxima prova, a Ultra Trail Vulcano, no Chile, é longa, mas, considera, talvez seja mais mental do que física, porque às vezes se ver no meio do nada, sozinho e numa briga quilômetro por quilômetro. Além disso, passa a noite e a madrugada inteira correndo. Daí pra começar a se perguntar o porquê de estar ali é um pulo. “Mas faço por gosto e nada há que seja tão ruim que não consiga concluir”.
Arquivo pessoal
Luta agora é para tudo dar certo no Chile
Porém, lição aprendida, já sabe que não dá para prever absolutamente tudo o que vai acontecer e que o treinamento é, acima de tudo, para minimizar, não extinguir, os riscos. Ele sabe muito bem que alguma coisa pode acontecer, como aconteceu no pequeno incidente em Santa Catarina.
Confia, outrossim, no trabalho de preparação realizado por meses. A largada será no dia 8 de dezembro, uma vez mais à noite, sem intervalo nenhum e em outro país.
O percurso desta vez também será ainda mais duro: um percurso de 102 quilômetros.
Sem dúvida irá ajudá-lo o velho adágio militar - “quem muito sua no campo de treinamento, pouco sangra no campo de batalha”.
MT Esporte
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