Na Cara do Gol MT

Recriança completa 27 anos de trabalho comunitário


Formação prioriza cidadania: esporte é detalhe importante
A série Craques do Futuro mostra agora o trabalho realizado no Recriança. A escolinha de futebol completou este ano 27 anos de fundação e ainda sonha com a sede própria. Incapaz de pagar pelo aluguel de um espaço melhor, os meninos treinam há 2 anos em um campo de futebol da prefeitura, em meio ao mato e à falta de estrutura.
O campo não tem as dimensões ideais. O mato que encobre algumas marcações também atrapalha, mas o treinamento não pode parar. Essa turma tem encontro marcado três vezes por semana e desde cedo dribla as dificuldades pra manter vivo o sonho de ser alguém na vida.
Entre o grupo, apenas o Eduardo Messias pensa em outra profissão. “Quero ser veterinário. Gosto de animais”, disse.
Se não for veterinário, Eduardo afirma que pode ser jogador de futebol. Esses meninos fazem parte da escolinha Recriança, que durante 27 anos de história já acompanhou a formação de cidadãos que hoje se destacam na sociedade.
“Daqui a gente tá ensinando a criança o que ela vai ser no futuro. Daqui saíram advogados, médicos, promotores. Sempre digo que Deus tem uma bênção grande sobre o Recriança porque, dificilmente, nesses 27 anos, pouquíssimos, nem 2%, foram pra cadeia, porque aprenderam o que deve ser feito no dia a dia”, explica o diretor presidente do Recriança, Josemir Calixto, conhecido por Mimi.
Também já passaram pelo Recriança o apresentador do Balanço Geral, Wesley Morais e o jornalista policial e esportivo Senildo Melo. A Escolinha faz parte do princípio de muitos jogadores profissionais.
Entre os vários exemplos de sucesso no mundo profissional está o goleiro Weverton. Mas ele chegou ao Recriança com objetivo de jogar como centro avante. Foi convencido de que tinha atributos suficientes pra se tornar um goleiro de excelência. Um ano foi o tempo suficiente para um clube da cidade se interessar pelo goleiro.
Moisés Holanda é um dos admiradores do campeão olímpico. “Eu me inspiro nele. É um ótimo goleiro”, afirma.
César entrou no Recriança aos 9 anos de idade. Hoje com 15 anos ele desempenha a função que Weverton sonhava jogar. O centro avante explica que aprendeu muito no tempo em que participa do projeto e que vai levar isso para a vida.
“A maioria foi a educação que eles dão pra nós. Aprendemos o respeito pelos jogadores, professores. Nada de briga. Mudança que nós temos é cada dia ficar melhor tanto no futebol quanto na educação”, afirma o garoto.
Hoje o Recriança atende 180 garotos com idades entre 8 e 17 anos. A maioria mora em bairros carentes e cruza a cidade para treinar no campo da prefeitura que fica no Conjunto Jardim São Francisco.
A escolinha pagava o aluguel de R$ 600 em outro espaço no bairro Aviário, mas sem condições de manter o custo, há dois anos ocupa o campo improvisado.
O sonho dos idealizadores do projeto é ter sede própria e manter a programação do desporto infanto-juvenil. “A responsabilidade é muito grande. Mas a gente consegue manter o ritmo de quartel. Aqui todo mundo obedece. Você pode passar um treino todinho e vai ver que ninguém diz um nome, não tem briga, nem confusão. O meu treinador e diretoria consegue manter o comando”, disse Mimi.
Mimi é um dos fundadores da escolinha e pretende se aposentar em breve. A falta de recursos e interesse impediram a realização da competição Acre/Rondônia deste ano. O evento era promovido sempre no dia da criança e pela primeira vez ficou fora do calendário de esportes das escolinhas. Reflexo de um trabalho que parece esmurecer diante de tantas dificuldades.
Fonte: agazeta.net

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