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Jogador do AC cobra time da Jordânia por salários e se diz "prisioneiro"

Ex-Rio Branco e Plácido, Kleyr Vieira dos Santos, de 35 anos, relata dificuldades, dividas e processo contra Al-Faisaly para poder deixar a Jordânia após quase um ano.

Com passagem por Rio Branco-AC e Plácido de Castro, o atacante acreano Kleyr Vieira dos Santos, de 35 anos, passa dificuldades longe do estado natal. O sonho de jogar fora do país virou pesadelo. Ele entrou na Justiça Desportiva para receber seus salários do Al-Faisaly, da Jordânia, onde está desde outubro do ano passado. Com dívidas no país, o jogador relatou que espera receber o dinheiro para deixar Amã e disse se sentir um "prisioneiro".
Em contato com o GloboEsporte.com, por telefone, a Embaixada do Brasil em Amã explicou que o jogador não é considerado um "prisioneiro" e está tendo suporte para receber os atrasados e sair da Jordânia o mais rápido possível.
Atacante Kleyr Vieira dos Santos (Foto: Arquivo pessoal)Com dívidas no país e salários atrasados, atacante Kleyr Vieira dos Santos tenta deixar a Jordânia (Foto: Arquivo pessoal)
Kleyr, que já defendeu Santa Cruz, Juventus-SP e Araguaína, estava no futebol equatoriano em 2015. Em setembro, recebeu proposta para jogar na Jordânia. Ele mesmo pagou a passagem de Quito para Amã. Foi contratado para atuar no Al-Ahdath. Porém, quando viram que o atacante tinha passado por Israel, o vetaram no elenco, segundo ele. O time rival, Al-Faisaly, deu uma oportunidade ao brasileiro.
- O treinador perguntou se eu aceitava. Eu aceitei. Já estou aqui mesmo. Fiz o teste clínico e físico e passei. É um time conceituado. Assinei contrato no dia 23 de setembro (de 2015). Meu contrato era de 75 mil dólares. Antes de dar entrada, eles se arrependeram dos valores. Aí me ofereceram 45 mil. Falei que não queria e chegamos a um acordo de 40 mil, mais o reembolso da passagem. Tudo foi do jeito deles e eu aceitei - contou, por telefone.
Kleyr, atacante do Uberaba  (Foto: Divulgação/USC)Atacante Kleyr também vestiu a camisa do Uberaba no Brasil (Foto: Divulgação/USC)
O jogador acreano alegou que o clube não cumpriu o acordado. Em outubro do ano passado, quando o primeiro mês havia vencido, deixou o time e foi para o Vietnã. O Al-Faisaly o viu jogando lá e pediu que ele voltasse para Amã.
- Falei: "só vou se me derem, pelo menos, 5 mil dólares na mão e dois salários". Eles me deram. Cheguei e peguei 11,5 mil dólares do contrato. Da sétima posição pulamos para a ponta e fomos campeões do primeiro turno. O time recebeu recursos. Meus primos e familiares entraram em contato com o Itamaraty e também já entrei com recurso na Fifa. Meus 11 mil dólares acabaram. Estou com nome na Corte e a qualquer momento posso ser preso. Me sinto um prisioneiro. Estou ilhado aqui.
Com a dívida do aluguel do apartamento onde está morando, Kleyr está com o "nome sujo" e diz que não pode deixar o país. Segundo a Embaixada, porém, assim que o jogador der entrada na documentação é possível ajudá-lo a voltar ao Brasil.
O último jogo da temporada foi no dia 25 de maio. Segundo Kleyr, o grupo já voltou de férias e está treinando. Ele recebe ajuda de um palestino, mas está sem passaporte (retido com os proprietários do apartamento, onde tem dívida) para receber o dinheiro e sair do país. A esposa e as filhas estão na China, onde estudam.
Francisco Carlos Luz, embaixador do Brasil em Amã (Foto: Reprodução/Facebook/Embaixada do Brasil em Amã)Francisco Carlos Luz, embaixador do Brasil em Amã (Foto: Reprodução/Facebook/Embaixada do Brasil em Amã)
Embaixada dá suporte
O embaixador do Brasil em Amã, Francisco Carlos Soares Luz, explicou que conversou com um dirigente da Federação local e todos os direitos contratuais do jogador estão garantidos. A ação brasileira é para garantir que ele não esteja sendo lesado nos seus direitos. O caso deve ser concluído ainda este mês. Com a situação irregular no país, segundo o embaixador, o acreano terá que pagar uma multa para sair da Jordânia, mas não vive no local como um "prisioneiro".
- Tive uma reunião com ele (Kleyr) ontem (terça-feira), junto com o consul e ouro diplomata. Ele me passou o lado dele. Conversei hoje (quarta-feira) com o diretor de clubes da Federação e ele me disse que o caso Kleyr vai à julgamento no dia 20, às 16h (horário local), na Justiça Desportiva. O Kleyr entrou com uma ação na Federação contra o clube para receber o dinheiro que ele tem direito. Se for para o clube pagar, o cheque já estará disponível no dia seguinte para que o jogador vá embora - disse.
Ancelmo Gois, ministro conselheiro da Embaixada do Brasil em Amã, acrescentou que essa não é a primeira que jogadores estrangeiros têm problemas com o recebimento de salários de clubes da Jordânia. Ele fez um alerta.
- Normalmente, ingenuamente, os jogadores aceitam contratos na Jordânia, achando que é um país rico, o que não é verdade, e é recorrente essa falta de compromisso contratual do pagamento de salários de jogadores de futebol. O que já sugeríamos à assistência consular de Brasília é que divulguem junto às entidades de jogadores de futebol que desencorajem brasileiros a virem para a Jordânia. Tem sido recorrente esse tipo de problema - concluiu.
Fonte: GE


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