Associado Alessandro Silva dos Santos manda confeccionar camisas com texto: "Fora Rodrigo Caetano. Fora Wallace. Fora do meu Flamengo. Time sem honra!
A tolerância de grande parte da torcida do Flamengo com o grupo que dirige o clube desde 2013, antes exaltado pela recuperação financeira rubro-negra, é cada vez menor. Tão logo que assumiu, a Chapa Azul pediu paciência aos flamenguistas prometendo que os primeiros momentos seriam de aperto no futebol para depois pensar em voos altos. No quinto ano de gestão, os resultados são ruins: dois títulos (Copa do Brasil 2013 e Carioca 2014), mais três colocações decepcionantes no Brasileiro: 16º em 2013, 10º em 2014 e 12º em 2015. Vale destacar que houve briga contra o rebaixamento nos dois primeiros, e um erro de escalação de André Santos por pouco não custou a inédita queda, em 2013. Some-se isso a série de nove jogos sem vitórias sobre o Vasco. Com a ira potencializada pelo jejum de nove partidas do Fla sem vencer o Vasco, seu maior rival, conselheiros já têm alvos bem definidos: o diretor executivo Rodrigo Caetano e os jogadores Wallace, Emerson Sheik, Everton, César Martins e Alan Patrick. A cada reunião, a pressão por mudanças aumenta sobre a diretoria.
O alto investimento em Guerrero (R$ 42 milhões por três anos de contrato) também é muito questionado. Principalmente pelo retorno ainda insuficiente dado pelo peruano dentro de campo. Ele marcou 12 gols em 38 jogos - apenas um em nove clássicos disputados.
Embora nascido no Rio Grande do Sul, Rodrigo Caetano é alvo de perseguição de torcida e conselheiros pela ligação com o Vasco, já que foi um dos pilares da recuperação do rival entre 2009 e 2011. Contratou 10 jogadores em 2016, e cinco deles se tornaram titulares incontestáveis: Rodinei, Juan, Cuéllar, Willian Arão e Mancuello. Mesmo assim, o fato de não ter trazido outro zagueiro de peso além de Juan ainda faz Caetano e o departamento de futebol sofrerem com pesadas críticas. Em reunião do Conselho Deliberativo na última terça-feira, em que foram aprovadas as contas do exercício de 2015, Cacau Cotta, candidato à presidência em dezembro, disparou contra o executivo.
- Rodrigo Caetano é um gentleman, mas o que ele ganhou? Em quantas finais chegou? Então, muito obrigado, e segue a vida. O Godinho acho que merece mais tempo, porque começou o trabalho agora. Gostaria de saber o que esse senhor Fernando Gonçalves (coach da área de psicologia e consultor) fazem no clube. O Fernando era diretor da Traffic na época da contratação do Ronaldinho Gaúcho. É colocar a raposa para tomar conta do galinheiro? - atacou Cotta.
Nos corredores da Gávea, fala-se que Fernando Gonçalves, muito bem relacionado com o diretor geral do Flamengo, Fred Luz, pode até mesmo substituir Caetano, caso se decida por encerrar o contrato com o executivo, que vence em dezembro de 2017. O nome de Fabio Luciano também já é comentado em redes sociais. O ex-zagueiro era o preferido da Chapa Verde, liderada por Wallim Vasconcellos e Bap, segunda colocada no último pleito. Mas o grupo de Wallim o queria como gerente de futebol, trabalhando ao lado de Rodrigo.
Caetano blindado
Em contrapartida, Flávio Godinho, vice de futebol, e Plínio Serpa Pinto, vice de gabinete da presidência, confiam muito em Rodrigo Caetano, a quem fazem questão de blindar e ignoram pressão interna contra o diretor de futebol.
Também na reunião da última terça, Luís Paulo Segond, ex-vice do Fla-Gávea e atual presidente da Boca Maldita, pediu a palavra e, além de comentar a pauta - julgamento das contas de 2015 -, falou de investimentos no futebol. Rodrigo Dunshee de Abranches, presidente do Deliberativo, interveio e pediu para o conselheiro se ater ao assunto da reunião.
Dois protestos já aconteceram em 2016 contra o Flamengo. O primeiro em 28 de março, um dia após a derrota por 1 a 0 para o Volta Redonda. À época, o time amargava jejum de quatro jogos sem marcar, e torcedores entraram no Ninho do Urubu sem qualquer resistência por parte dos seguranças. O último aconteceu na madrugada de segunda-feira, quando um grupo foi ao Galeão para pressionar a equipe depois do revés para o Vasco (0x2), na semifinal do Carioca. Socos e pontapés foram desferidos contra o ônibus rubro-negro.
O mesmo grupo que liderou o protesto do dia 28 espera fazer um novo no máximo até terça-feira. O sócio Alessandro Silva dos Santos, conhecido como "Pato", mandou confeccionar 1000 camisas com a inscrição: "Fora Rodrigo Caetano, Fora Wallace, Fora do Flamengo. Time sem honra!". Pato é o patrocinador, e o conselheiro José Carlos Peruano, o organizador.
* ERRATA: Com novas informações, a reportagem se corrige sobre o teor da discussão e da intervenção entre o conselheiro Segond com o presidente do Conselho Deliberativo. O grupo de sócios que organiza o protesto não é ligado à AtorFla (Associação de Torcidas Organizadas do Flamengo). Pato e Peruano já presidiram a associação, cujo mandatário atualmente é André Luís Valladas, o Bodão.
Fonte:Ge
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