Atletas se destacam na prática de esportes "violentos"
As mulheres estão cada vez mais presentes no mundo esportivo, e não é de hoje que elas atuam em esportes praticados principalmente por homens.
Em Cuiabá, hoje, existem dois times femininos de esportes considerados pela maioria como “violento”. Os times femininos de rugby e futebol americano pretendem acabar de vez com o estereótipo de que a mulher é o sexo frágil.
É muito comum confundir rugby com futebol americano. Para os leigos, a bola, os jogadores, o campo e as regras são as mesmas e só muda o estilo de jogo, a "violência" dos ataques seriam os mesmos.
A bola de ambos os esporte são ovais, mas a de rugby é arredondada, branca, mais flexÃvel e pesada, enquanto a do futebol americano é mais pontuda, alaranjada, menor, dura e leve.
Já o time de cada um tem uma peculiaridade. No primeiro, são 15 jogadores com mais sete reservas ou sete jogadores oficiais e seis reservas na categoria sevens.
O segundo é maior, divididos em dois times com onze atletas, um de ataque e um de defesa, além de um número equivalente para os reservas.
O equipamento deste é mais rÃgido e feito de plástico daquele é feito de espumas flexÃveis.
Mas o que chama mais atenção é que em ambos os esportes são conhecidos pela má fama de serem violentos e é isso é tudo que as atletas de Cuiabá dos dois esportes afirmam que nao é.
Futebol americano
O time feminino de futebol americano, Cuiabá Arsenal, apesar de existir a apenas um ano, já se prepara com treinos intensivos para uma jornada de vários campeonatos neste ano.
A coordenadora do time, Jordana Pires, contou ao MidiaNews que o time apesar de ser recente, é como se já existisse há muito tempo.
“Nosso é time é novo sim, mas a garra que essas meninas têm eu fico surpresa. Já participamos de um campeonato e perdemos, mas trouxemos isso como experiência para vermos que ainda precisamos melhorar. E o importante é que nos divertimos”, disse.
O time feminino de futebol americano, Cuiabá Arsenal, apesar de existir a apenas um ano, já se prepara com treinos intensivos
O time feminino do Cuiabá Arsenal, conta com cerca de 20 meninas e de acordo com Jordana, ainda estão precisando de mais jogadoras. Segundo ela, o jogo não é um “bicho de sete cabeças”, como muitas mulheres pensam.
“Nós jogamos uma modalidade que não tem contato fÃsico que é conhecida como ‘Flag’. Nela nós apenas puxamos uma fita que fica na cintura da jogadora e ao invés de derrubar a adversária e também porque não temos atletas suficientes”, explicou.
O Flag é uma versão do futebol americano no qual as regras são básicas e similares as do jogo profissional, mas em vez de derrubar o jogador com a bola no chão, o defensor deve retirar uma fita (Flag) para um down (nome dado à cada tentativa de avanço de um time durante seu ataque).
Na maioria das jogadas, os jogadores usam um cinto, onde as duas Flags estão presas por um velcro.
O Flag foi desenvolvido para minimizar lesões que o futebol americano poderia trazer, e também para baratear a prática do esporte, cujos equipamentos acabam sendo caros.
Em busca de atletas
Jordana ainda conta que o time ainda não tem nenhum tipo de patrocÃnio e ainda está atrás de novas atletas para formação. Elas contam apenas com o apoio do time masculino.
“Ainda é complicado conseguir meninas, porque as pessoas tem o preconceito ainda de achar que o futebol americano é violento e que se machuca, principalmente as mulheres, elas não gostam de se machucar. Mas é bem tranquilo”, afirmou.
Marcus Mesquita/MidiaNews/Equipe feminina - Cuiabá Arsenal
A coordenadora Jordana Pires diz que, apesar de ser recente, é como se o time já existisse há muito tempo
“Nós tiramos ainda todos os gastos como viagens e uniformes do nosso bolso, porque não temos patrocÃnio, mas estamos só começando e vamos continuar em busca disso. Nós realizamos eventos para arrecadar dinheiro”, contou.
A coordenadora acredita que a mulher deve ir em busca do seu espaço sempre e mostrar para todos que sempre são capazes de fazer coisas que julgam incapazes.
“Eu acho que hoje em dia mulher busca o espaço dela em todos os pontos, no futebol americano não é diferente, temos mulheres nele em todos os lugares do mundo. Podemos fazer o que quiser então eu digo para quem se interessar que, podem vir treinar com a gente, todas que estamos de braços abertos para receber e não precisa ser profissional”, disse.
O time do Cuiabá Arsenal feminino treina todas as terças e quintas-feiras, no Complexo Dom Aquino, em Cuiabá.
“Pedimos que as mulheres acima de 14 anos que se interessar pode ir assistir os treinos, e verão que não é como imaginam”, convida a coordenadora do time.
As atletas já estão em treinos intensivos para os campeonatos deste ano.
Rugby
O rugby é um esporte coletivo de intenso contato fÃsico e hoje é o segundo esporte de equipes mais conhecido no mundo, sendo superado apenas pelo futebol. Para alguns é considerado futebol americano sem proteção.
É um esporte conhecido por ter grandes semelhanças com o futebol americano. Porém no jogo só é permitido passar a bola com as mãos para os lados ou para trás. Para conduzir a bola para frente, os jogadores devem usar apenas os pés.
O rugby é um esporte coletivo de intenso contato fÃsico e hoje é o segundo esporte de equipes mais conhecido no mundo
Ao MidiaNews, o presidente do time feminino de rugby de Cuiabá, Michel Henri Leplus, de 68 anos, explica que apesar de no esporte não se usa nenhum tipo de proteção, é um esporte como outro qualquer.
“O rugby não é diferente do judô, do Jiu-jitsu ou de vários outros esportes que também não são moleza. Nenhum desses outros esportes é mole para uma mulher e a prova viva que o Rugby não é um esporte violento, são elas mesmas. São meninas altas, baixas, Magras ou fortes, enfim, não existe um padrão, são corpos normais”, diz o presidente.
Leplus ressalta que o rugby como qualquer outro jogo precisa de preparo fÃsico e explica que isso é aplicado com elas e que para incentivá-las ele até começou a malhar juntos com elas, três vezes na semana.
“Necessita apenas um preparo fÃsico maior que os outros esportes, porque você pode se machucar se não o tiver afinal no jogo não se usa proteção. A proteção é apenas o corpo, os músculos e por isso que elas treinam duas vezes por semana e malham três”, disse.
O presidente afirma que não se vê fazendo outra coisa na vida e os times masculinos e femininos de rugby são sua paixão.
“Eu estou lutando para conseguirmos chegar a ser um time profissional. A minha paixão é o rugby e quero cuidar disso para o resto da minha vida, eu tenho 68 anos e não pretendo fazer outra coisa. Eu gosto de ajudar eles”, disse.
O time feminino nasceu em 2011 e de lá pra cá não teve um campeonato sequer que não trouxeram um troféu para a casa.
A atleta mais velha no time é também a mais nova. Bianca Miranda, de 17 anos, conta que o time se fortalece a cada ano que passa
Esporte para todos
A atleta mais velha no time é também a mais nova. Bianca Miranda, de 17 anos, conta que o time se fortalece a cada ano que passa e não associa o esporte a uma categoria violenta.
“O trabalho de conquistar atletas em Cuiabá se torna difÃcil porque quando se fala de rugby, as pessoas associam a algo violento. E não é. É um esporte de contato como qualquer outro. Não é um esporte apenas masculino, muito pelo contrário, eu acho que se mais mulheres praticarem o Rugby vão se tornar cada vez mais forte para tudo”, disse a jovem atleta.
Bianca conta que desde quando o time nasceu sempre ganharam troféus nos campeonatos.
“Desde as primeiras edições ganhamos troféus, nunca voltamos de mãos abanando graças a Deus. Por ser um time recente, já um grande conquista para nós. Nós fomos a Goiânia em 2015 e lá pela primeira vez, fomos campeãs. Estamos muito contentes com o resultado”, comemorou.
Para a atleta Elizabeth Rieth, de 39 anos, o rugby surgiu em sua vida de forma inusitada e pela qual se apaixonou quase que instantaneamente.
“Eu sempre pratiquei esportes na minha vida, só que dessa vez foi diferente. Eu estava em uma palestra e em determinado momento palestrante falou sobre os princÃpios do Rugby e aquilo me chamou atenção”, disse.
Elizabeth conta que o palestrante usou um termo que lhe chamou a atenção, que o rugby “é um esporte selvagem praticado por cavalheiros” e os princÃpios eram a integridade, respeito, solidariedade, disciplina e a paixão.
"Eu estava em uma palestra e, em determinado momento, o palestrante falou sobre os princÃpios do rugby e aquilo me chamou atenção”, diz a atleta Elizabeth Rieth, de 39 anos
“Eu acredito que as mulheres se destacam mais nesse esporte por causa disso, porque não tem padrão de nada, todos se encaixam, não existe uma ‘estrelinha’ do time. As mulheres já tem aquele instinto materno e se identificam muito com esse esporte”, afirmou a atleta.
O time hoje treina também todas as terças e quintas-feiras, no campo da Universidade Federal do Estado de Mato Grosso (UFMT).
As atletas se preparam para o próximo campeonato que acontece neste mês de março, em Goiânia (GO).
Fonte:Mtesporte
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