Na Cara do Gol MT

Ex-secretário da Copa depõe à CPI: 'Foi desafio tocar obra como a Arena

Maurício Guimarães foi ouvido na Assembleia Legislativa de MT.
Ex-secretário negou existência de irregularidade que não tenha sido sanada.


O ex-secretário da extinta Secopa (Secretaria da Copa), Maurício Guimarães, prestou depoimento na manhã desta terça-feira na CPI da Assembleia Legislativa que apura supostas irregularidades nas obras para o Mundial de 2014, do qual Cuiabá foi uma das subsedes. Os membros da Comissão Parlamentar de Inquérito questionaram o ex-gestor, que é funcionário de carreira do governo de Mato Grosso, a respeito da Arena Pantanal, cuja conclusão ainda está pendente.
Guimarães reconheceu que houve atrasos na obra, que ficou pronta para uso somente em abril de 2014, quando o prazo inicial era dezembro de 2012. A arena foi licitada por R$ 418 milhões, mas o total gasto com o que foi parcialmente entregue foi de quase R$ 700 milhões, de acordo com a própria Secopa.
- A gestão pública de Mato Grosso não estava preparada para um evento daquele tamanho. Tivemos inúmeras dificuldades para a gestão da obra. Noventa porcento do material usado teve que vir de fora. Houve dificuldades financeiras, de liberação de recursos. Foi um desafio muito grande. E ainda hoje é um desafio muito grande tocar uma obra como uma arena - disse.
Maurício Guimarães assumiu a titularidade da Secopa em abril de 2012, com a saída do então secretário da Copa, Éder Moraes, negou interferências políticas nas decisões que tomou desde então.
Réu por improbidade administrativa pela acusação de ter se recusado a dar informações referentes ao andamento das obras da Copa, Guimarães admitiu que houve pagamentos antecipados e parcelados feitos pela pasta em relação à arena, como o das estruturas metálicas necessárias para erguer o estádio da Copa. A prática foi detectada pelo Tribunal de Contas (TCE-MT) e resultou em notificação da Secopa.
Mauricio Guimarães secretário da Copa em Mato Grosso nas cadeiras da Arena Pantanal (Foto: Robson Boamorte)
- Isso foi feito para garantir a chegada do material, em função da peculiaridade da obra. Fizemos medição da obra por eventos, não depois de instalado.
Guimarães negou também que houve atraso proposital na entrega da Arena Pantanal a tempo da competição mundial. 

-  Muito pelo contrário, tive que tomar decisões enérgicas para deixar a Arena pronta para a Copa. Entrei no desespero [quando assumiu a Secopa], porque o prazo já estava comprometido.
Uma dessas decisões foi ter aceitado a saída da empresa Santa Bárbara do consórcio com a Mendes Júnior, em março de 2013, porque estava em recuperação judicial. 

- Foi talvez a melhor decisão que tomei, porque aquela situação estava atrapalhando muito a execução do projeto.
O ex-secretário da Copa negou que tenham havido problemas e erros que não tenham sido sanados ainda durante a gestão dele em relação à Arena Pantanal. 

- Não tenho conhecimento de irregularidades que foram detectadas e às quais não tenha sido dado encaminhamento.
Arena Pantanal (Foto: Secom/ Governo de Mato Grosso)Arena Pantanal (Foto: Secom/ Governo de Mato Grosso)

Cadeiras

Maurício Guimarães foi questionado ainda sobre a polêmica a respeito da compra das 44 mil cadeiras da Arena Pantanal, cujo valor que seria pago era de R$ 19,4 milhões. A compra foi questionada pelo Ministério Público do Estado em função do preço ter sido considerado muito alto, e o contrato foi suspenso.
Depois, a Secopa acabou firmando acordo judicial com a Kango Brasil, que deu desconto de R$ 1,5 milhão na aquisição. 

- Um dos motivos da elevação do preço foi a qualidade das cadeiras. Queríamos um modelo que tivesse durabilidade. E realmente as que nós compramos tem qualidade superior. Tem estádio da Copa com boa parte das cadeiras já deterioradas.
CPI
Para o presidente da Comissão, deputado Oscar Bezerra (PSB), houve irregularidades praticadas pela gestão da Secretaria da Copa com a justificativa de que isso era necessário para finalizar as obras. 

- Ficou muito explícito que era corriqueiro e normal que procedimentos previstos em lei fossem descumpridos - disse. 

Entre elas, gastar o que não estava no orçamento e usar recursos de fontes que não estavam previstas em contrato, exemplificou.
- A irresponsabilidade foi gritante e essas pessoas precisam ser responsabilizadas. 
Maurício Guimarães deve voltar a ser ouvido na quarta-feira. Ele deverá responder a questionamentos sobre o Veículo Leve sobre Trilhos, obra bilionária que era para ter ficado pronta para a Copa do Mundo de 2014 e que atualmente está com a execução parada.
Fonte:GeMt
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