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Atletas detonam Iranduba após 17 derrotas seguidas: "Tinha dias que não tinha água para se banhar"

 


Crise dentro e fora das quatro linhas. O Iranduba-AM perdeu 19 dos últimos 20 jogos e não vence uma partida há mais de dois anos. Que o momento é ruim não tem como negar, mas o que poucos sabem é que a fase pode ser justificada pela estrutura oferecida. O globo esporte Amazonas ouviu denúncias de atletas que defenderam o time nas edições de 2020 e 2021 do Amazonense, foram 10 derrotas no período. 

Eles preferiram não se identificar com receio de que as acusações possam prejudicar suas índoles como profissional, mas detonaram as condições de treino, alojamento e até alimentação. Para facilitar o entendimento, vamos usar os nomes fictícios Pedro e Ricardo. Pedro conta que às vezes os atletas caminhavam três quilômetros - ida e volta - para poderem treinar. Ele também detonou a alimentação.

 Desde quando cheguei no Iranduba as condições não podem nem ser comparadas com estrutura de time pequeno, e sim com estrutura de time amador. Até o material de treino era o próprio jogador que lavava, por três ou quatro meses nunca tivemos um local fixo para treinar, treinávamos num campo reduzido completamente sem estrutura. Andávamos 3 km para treinar nesse campo, e um dia um jogador torceu o tornozelo e voltou andando - detonou. 

- O campo era reduzido, com lama e buracos, umas três vezes o time foi para outra cidade treinar nesse campo. E quando não era nesse campo, treinávamos em uma quadra, em tempo de chuva e com a quadra molhada, treinávamos até no quintal do alojamento, que se parecia com um galinheiro. Até em ladeiras já teve treinos. Sei que não podemos reclamar da comida, porque muitos passam fome, mas em semana de jogo todos os dias a alimentação era salsicha e calabresa - acrescentou.

Além do local de treino, Pedro ainda fala do local onde os jogadores se hospedaram em Iranduba, na Região Metropolitana do Amazonas. Segundo ele, a pousada era sem segurança e de fácil acesso por qualquer um. Ainda de acordo com Pedro, algumas pessoas iam ao local para usar drogas.

 

O local onde estávamos alojados é uma pousada, fica o tempo todo aberta, entram várias pessoas, usam drogas, um local completamente fora de todos os padrões. É a pior pousada de Iranduba, as pessoas usam de motel".

— Pedro, ex-jogador do Iranduba

Ricardo também procurou o ge Amazonas. Ele confirmou a denúncia feita por Pedro e ainda revelou que os jogadores do Iranduba tiveram as chuteiras roubadas. Segundo ele, o local também não tem água e eles usavam o estádio mais próximo do hotel para tomar banho em vez treinar.



Thiago Rafael assumiu o Verdão nos últimos três jogos do estadual — Foto: João Normando /FAF 

- Estamos em uma pousada, que é um motel sem nenhuma segurança! Tem dias que não tem nem água para banhar. Usamos o estádio somente para banhar. Já roubaram chuteiras, tênis. Os caras do Iranduba nem ligaram - contou.

De acordo com Ricardo, a diretoria do clube conseguiu uma van para transportar os jogadores para os treinos somente nos últimos dias de competição. Ele disse que, antes do veículo, todos caminhavam, e a comissão um dia se recusou a levar um jogador lesionado por ele estar sujo. 

"Uma vez aconteceu um episódio que até hoje me dói, um jogador torceu o tornozelo no treino, e o preparador físico não quis trazer ele no carro porque ele tava sujo. Daí ele veio andando"

— Ricardo, ex-jogador do Iranduba

No dia 3 de abril de 2019, o Hulk da Amazônia venceu pela última vez uma partida oficial, 1 a 0 contra o Princesa do Solimões. De lá para cá, foram 19 derrotas, sendo duas delas goleadas acachapantes, como um 10 a 2 sofrido diante do Clíper e um 7 a 0 contra o Nacional, ambos no Amazonense deste ano. No total, são 20 jogos sem vitórias, sendo apenas um empate.

 

Presidente revela não ter conhecimento

A reportagem procurou o presidente do clube, Amarildo Dutra, para comentar sobre as acusações dos atletas. Dutra disse que não tinha conhecimento e revelou ter "terceirizado" o departamento de futebol para a empresa K&J Soccer Agents após contrair a Covid-19. Ele admitiu ainda que não entrava no clube desde o final de 2020. 

Vale dizer que o Iranduba poderia ter pedido licença do futebol masculino sem ser punido com o rebaixamento. A Federação Amazonense de Futebol deu anistia para qualquer desistente devido a pandemia da Covid-19.

- Eu não posso falar neste momento sobre as denúncias, as pessoas mais indicadas são as que estavam responsáveis pelo clube na época. O rapaz aí tenho certeza absoluta que tem declarações que não batem. Onde se viu um atleta caminhar três quilômetros para treinar todo dia? Era para estar voando, né!? - Falou.

- E com relação a alimentação, você pode ter certeza, ele tem nota fiscal de tudo. A minha versão com relação ao que atleta escreveu, eu não posso falar nada. Afinal não vou ao Iranduba desde o ano passado por causa da doença (contraiu a Covid-19). O atleta vai questionar minha resposta, dizendo que não conhece o presidente. Prefiro não entrar nessa disputa, porque não participei diretamente - concluiu.



Amarildo Dutra, à direita, é presidente e fundador do Iranduba-AM — Foto: Mauro Neto/Sejel

Por meio de uma nota oficial, a K&J disse que não tinha mais qualquer vínculo com o Iranduba desde o dia 4 de abril. A empresa também afirmou que a desvinculação foi causada por motivos internos e insustentáveis.

- Prezados, viemos por meio desta, informar a todos que desde 04/04/2021 a empresa K&J SOCCER AGENTS e a empresa LAS TOUR VIAGENS E TURISMO, que por motivos internos e insustentáveis, não tem mais NENHUM vínculo com o Esporte Clube Iranduba da Amazônia. Nosso acordo de patrocínio Financeiro foi feito de forma informal, apenas verbal! Fica aqui nosso agradecimento ao presidente Amarildo Dutra e Boa Sorte nas próximas temporadas - concluiu.

Fonte: GE

 

 

 

 


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