(EBC)
Quando Shusaku Sagi tinha 19 anos, viu seu centro de
treinamento de futebol da Vila-J de Fukushima ser convertido em uma base de
trabalhadores encarregados da desativação da usina nuclear próxima depois que o
terremoto de 2011 a avariou e levou milhares de pessoas a fugirem.
Amanhã (25), o complexo esportivo abrigará a cerimônia de
largada do revezamento da tocha olímpica, iniciando a contagem regressiva para
os Jogos de Tóquio - o primeiro a ser organizado durante uma pandemia mortal.
"Grandes eventos esportivos, como a Olimpíada, podem
energizar as pessoas e enviar uma mensagem para o mundo não esquecer
Fukushima", disse Sagi, hoje com 29 anos, que organiza torneios de futebol
para jovens na Vila-J.
Integrantes da seleção feminina de futebol do Japão usarão a
chama olímpica, enviada de avião da Grécia, para acender a tocha. Mas a
cerimônia, planejada originalmente para milhares de torcedores como uma
comemoração da recuperação japonesa, será fechada ao público.
Alguns moradores não compartilham o entusiasmo de Sagi e se
ressentem dos esforços do governo para destacar Fukushima.
Vastas áreas ao redor da usina continuam interditadas, os
temores da radiação persistem e muitos que partiram se estabeleceram em outros
locais. A desativação levará até um século e custará bilhões de dólares.
Takayuki Yanai, que trabalha em uma cooperativa de peixarias
de Iwaki, 50 quilômetros ao sul da usina, disse que o conceito de
"Olimpíada da Reconstrução" não é amplamente endossado pelos
moradores.
"A pesca no litoral de Fukushima ainda é cerca de 20%
do que era", disse Yanai. "Temo que tenhamos sido meio deixados de
fora da reconstrução".