Jackson Follmann é um dos seis sobreviventes do acidente
aéreo do voo da La Mia que levava o time da Chapecoense, jornalistas e
tripulantes para a final da Libertadores no México, em 2016. Uma tragédia que
vitimou 71 pessoas e dificilmente será esquecida. O goleiro sobreviveu perdendo
a perna esquerda e teve ainda que lutar contra diversas fraturas no corpo,
incluindo a segunda vértebra da coluna cervical.
Dois anos depois, Follmann passou a compartilhar o
testemunho do que ele considera ser um milagre, se tornou embaixador do time e
comentarista esportivo. Durante sua visita a Sinop (500 Km de Cuiabá), ele
conversou com a reportagem do LIVRE sobre as mudanças, curiosidades e a fé
inabalável nesta “nova vida”.
1 – O que te motivou a seguir depois do acidente?
Follmann – Eu tive a oportunidade do milagre da
sobrevivência e é logico que eu queria que o milagre que aconteceu comigo,
acontecesse com todos, mas eu terei que seguir em frente. Eu tenho muita gana
de viver, muita vontade de buscar novos desafios e objetivos. Então, estou
muito feliz de simplesmente estar vivo e é lógico tenho muita fé. A minha família,
esposa e amigos, são peças fundamentais nesse processo de me reinventar, porque
eu vejo que ainda estou me redescobrindo, o acidente foi há dois anos, mas a
gente ainda está indo em busca das coisas, em busca de se descobrir.
2 – Quais oportunidades surgiram com os novos rumos que
sua vida tomou?
Follmann – Eu me sinto feliz com esses meus
novos desafios que a vida vem me apresentando. É logico que eu nunca
imaginei passar pelo o que aconteceu com a gente, mas ao mesmo tempo, quando
aconteceu, eu sabia que teria que estar com a cabeça boa para poder encarar a
vida e o mundo de frente, e é assim que eu tento pensar 24 horas por dia
praticamente.
Hoje minha rotina é outra, eu estou viajando para todos os
lados, recebo o carinho das pessoas e isso é muito bom, me ajuda bastante e me
motiva a levar a esperança para novas pessoas sempre. Eu tenho certeza que se
hoje eu estou feliz, sou uma pessoa para frente, é graças ao carinho de todos e
aos pensamentos positivos que recebo a todo momento.
Atualmente sou embaixador do meu time, faço palestras, mas
ainda tenho a meta de ser dirigente da Chape e todos sabem disso, estou me
preparando e sei que terei condições de galgar esse cargo. Sempre sou
agradecido por tudo, mas mantenho metas novas todos os dias, não posso
desperdiçar o milagre de estar vivo e coloco isso na minha cabeça todos os
dias, tenho que aproveitar ao máximo o novo dia que nasceu para mim.
3 – Você tem ideia da fonte de inspiração que se tornou
para muitas pessoas no mundo todo? Teve algum gesto de carinho que você jamais
vai esquecer?
Follmann – O que marca muito são as pessoas
virem até você, te abraçar e chorar, as pessoas tremem, tipo, poxa eu estou do
lado dele, do lado do milagre, e é logico que eu pelo menos não me vejo fora
disso. O que aconteceu com os sobreviventes foi um milagre, não é mérito nenhum
para a gente, então nós agradecemos muito o carinho das pessoas e nós não temos
palavras para explicar. Sinto a emoção delas e me sinto motivado por isso.
Essa oportunidade de trazer esperança e ajudar na vida das
pessoas, na retomada da fé delas, na volta da conexão com Deus é inexplicável.
Tiveram pessoas que vieram até mim e disseram que, por conta meu milagre,
voltaram a acreditar em Deus, isso não tem preço.
4 – Você cantou no seu casamento e diz que adora tocar
violão entre amigos, podemos esperar um novo ícone da música aí?
Follmann – Não (risos). Eu gosto de cantar, mas
canto só para minha esposa, para os amigos. É que eu não faço muito bem
churrasco, então meu papel é cantar e ficar na conversa com os amigos. Mas
profissionalmente não, eu gosto muito é de churrasco, bastante até (risos).
5 – Quais são teus sonhos?
Follmann – Meu sonho agora é viver, junto com
minha esposa, construir família, ter filhos. Meus próximos passos agora são
continuar na clínica, na Chapecoense, sempre rodeado de pessoas que querem o
meu bem. Esse é o meu sonho, e o melhor de tudo é que já estou realizando eles,
e espero estar com eles até a eternidade.
Fonte: O Livre
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