Duas vitórias em dois jogos e uma classificação eminente.
O México chegou na Rússia como candidato a conseguir a segunda vaga do grupo F,
que conta com Alemanha, Coreia do Sul e Suécia e acaba a segunda rodada da Copa
do Mundo na liderança. Entre os principais responsáveis por esse começo
avassalador, está Juan Carlos Osorio, comandante da equipe latina americana.
Juan Carlos Osorio foi tímido como jogador. Uma carreira de
apenas 5 anos de profissional, com breves passagens por Internacional e Once
Caldas. O colombiano foi aos Estados Unidos jogar no futebol colegial, onde
começou a transcender o futebol fora das quatro linhas. Trabalhou com empregos
banais em Nova York enquanto estudava ciências do exercício físico.
Aos poucos foi cavando seu espaço como treinador no mundo do
futebol, fez cursos, estágios e trabalhou como assistente em algumas equipes.
Osorio viveu altos e baixos no começo de sua carreira como técnico, rodou por
Millonarios, Chicago Fire, New York Red Bulls e Once Caldas, apenas no último
conseguiu um melhor aproveitamento e o título do campeonato colombiano. Depois
disso, teve sua primeira experiência no México, treinando o Puebla por um curto
período de 11 jogos e um péssimo aproveitamento de 24,24%.
Foi no Atlético Nacional então que Osorio teve seu melhor
desempenho como treinador. Conquistou três campeonatos colombianos, duas Copas
da Colômbia e um vice-campeonato na Copa Sul-Americana. Virou ídolo da torcida
e despertou interesse de diversas equipes, quando em 2015 foi parar no São
Paulo, se despedindo em grande estilo do time colombiano.
Osorio comandou a equipe do Morumbi por apenas 28 jogos, mas
deixou muitas lembranças na cabeça do torcedor. Vitórias impressionantes,
acompanhadas de frustradas derrotas. Em épocas de uma conturbada diretoria
são-paulina, Osorio saiu do Brasil de forma confusa para comandar o México e
realizar seu sonho de estar em uma Copa do Mundo.
Não foi pelas conquistas e frustrações que Osorio despertou
o interesse de muitos fãs de futebol. Foi por seu jeito completamente diferente
de comandar uma equipe de futebol. Estrategista e ousado, é conhecido por
aplicar um rodízio de jogadores, não há titulares, usa todos do elenco de forma
igual, extraindo as melhores características de cada um para utiliza-las da
melhor forma, contra diferentes adversários. “A rotação, além de dar
oportunidades e envolver todos os jogadores, também lhe dá responsabilidade.
Isso é algo chave”, diz o treinador. Em meio aos jogos, é conhecido por
entregar bilhetes aos jogadores com instruções: de vermelho, escreve o que há
de mais importante, de azul, o resto.
O treinador chegou ao México em um começo avassalador, foram
9 vitórias e 1 empate, até que um baque. Quartas-de-final da Copa América,
Chile 7×0 México. O maior vexame da história do futebol mexicano foi seguido de
diversas criticas da imprensa e de figuras importantes do futebol mexicano. Foi
bancado pela federação e conseguiu bons resultados na sequencia. Porém,
quebrada por outra e queda vexatória, na Copa das Confederações, para o time B
da Alemanha: 4×1.
A
desconfiança com o time de Osorio seguiu até a Copa do Mundo, tanto é
que Hugo Sánchez, grande nome da história do
futebol mexicano, disse um mês antes da competição: “Confio na qualidade e
talento dos jogadores, mas não tenho um pingo de confiança no corpo técnico que
dirige esses atletas. O México não passa do quarto jogo (oitavas de final)”.
Ainda é duvidosa a participação do México nas quartas de
final, mas a participação nas oitavas já está praticamente garantida. Osorio em
seu primeiro jogo de Copa do Mundo deu um nó tático na atual campeã Alemanha,
agora com o time principal. Com uma proposta de jogo ofensivo, o treinador
conseguiu seu sucesso no contra-ataque, poucos jogadores na defesa e muitos no
ataque para puxar o contra golpe que acabaria com o gol mexicano. Contra a
Coreia do Sul, o mesmo, três jogadores para organizar um contra-ataque
fulminante no segundo gol.
Em meio a uma reviravolta na trajetória do treinador nesse
começo de Copa do Mundo, os jogadores aproveitam o bom momento para elogiá-lo:
“Temos que fazer uma menção especial ao “mister”. Ele foi criticado por todos os
lados, mas fez seu trabalho e preparou a equipe da melhor forma possível. Muita
gente o tacha de louco. Tem de dar-lhe o valor necessário. Ele está vivendo uma
alegria interna muito mais satisfatória do que receber um milhão de desculpas”,
o que disse meia Miguel Layún.
Para um país que carrega há tempos a esperança de vencer a
Copa do Mundo, e que foi o sexto a mais comprar ingressos para o mundial desse
ano, o começo avassalador é uma esperança. Para Juan Carlos Osorio, criticado e
elogiado por onde passou, é a chance da redenção, se não com o título, com um
grande campeonato em frente à seleção mexicana.
Fonte: Torcedores
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Russia 2018