O Ministério do Esporte e a Secretaria Nacional de Políticas
para Mulheres (SPM) lançaram, na manhã desta quinta-feira (29.03), o programa
Esporte Sem Assédio, uma iniciativa conjunta que tem o objetivo de prevenir e
combater a violência e o assédio às atletas brasileiras, sejam amadoras ou
profissionais.
"O programa tem como finalidade chamar a atenção da
sociedade para o assédio e a violência contra as mulheres. O Ministério do
Esporte participa usando o esporte como um dos vetores dessa comunicação.
Tivemos recentemente casos de assédio que se tornaram públicos e que chocaram o
mundo", explicou o ministro do Esporte, Leonardo Picciani, durante a
cerimônia realizada no Velódromo do Parque Olímpico da Barra, no Rio de
Janeiro. "Temos o canal de denúncia, o Ligue 180, para que as mulheres
possam denunciar, se informar e se proteger. A campanha é um recado àqueles que
pretendem transgredir que essa transgressão não ficará sem resposta do poder
público e da sociedade. O esporte se soma a esse movimento", acrescentou o
ministro.
O Ligue 180 é a Central de Atendimento à Mulher da SPM,
adotada como canal de denúncia tanto no Brasil como no exterior. Com o Esporte
Sem Assédio, estão sendo realizados a capacitação dos atendentes para receber
as denúncias de atletas, a criação e implementação de fluxo de assistência psicossocial
e jurídica, o tratamento das informações recebidas por meio de indicadores
padronizados e o monitoramento. O programa prevê, também, a efetivação de
protocolo único entre o Ministério do Esporte, a SPM, o Conselho Nacional de
Justiça e a Rede Nacional de Enfrentamento à Violência.
"Essa parceria nasceu porque é preciso falar sobre
assédio no esporte. É uma coisa muito séria. Precisamos falar sobre isso e
fazer com que as mulheres possam se sentir seguras para denunciar e para que
possamos prevenir o assédio. Não podemos aceitar que muitas meninas se sintam
tolhidas de praticar o esporte porque sentem medo de serem assediadas",
afirmou a secretária Nacional de Políticas para Mulheres, Fátima Pelaes. A
iniciativa faz parte do Brasil Mulher, estratégia de mobilização em rede
lançada pelo Governo Federal.
"Falar sobre o assédio é importantíssimo - e no esporte
não poderia ser diferente. Um ambiente saudável no esporte é um ambiente com
profissionais comprometidos com a ética e com seus valores. Os clubes precisam,
também, demonstrar que têm uma política clara quanto ao assédio. Esse programa
integra ações para unirmos mulheres, homens e toda a sociedade", disse a
ex-ginasta Luísa Parente, que participou das Olimpíadas de Seul 1988 e
Barcelona 1992. Luísa faz parte da 2a Câmara do Tribunal de Justiça Desportiva
Antidopagem, criado com o objetivo de julgar violações a regras internacionais
antidopagem.
Presente à cerimônia, a nadadora Joanna Maranhão é ativa no
combate a violências que crianças e jovens possam srofrer. "Fui vítima de
abuso aos 9 anos pelo meu técnico da época e demorei muito para verbalizar.
Estive em quatro Jogos Olímpicos, mas poderia não ter ido a nenhum se não
tivesse o apoio psicológico e jurídico que tive. Muitas outras crianças não têm
essa ajuda", contou a nadadora Joanna Maranhão, que esteve presente à
cerimônia. "A iniciativa é super importante. Nos últimos anos, estamos
abrindo portas para que as mulheres falem sobre o machismo e a violência que
sofremos. Virão muitas histórias à tona. Ter coragem de verbalizar uma
violência sofrida é viver ela de novo. Quando chegam pedindo provas e
perguntando porque demorou tanto para falar, isso fere muito. É o momento de
ter empatia pelas vítimas que têm coragem de contar suas histórias",
acrescentou.
#EsporteSemAssédio
Sob a hashtag #EsporteSemAssédio, a campanha também está
sendo veiculada em redes sociais, com engajamento de várias atletas, ex-atletas
e personalidades do esporte. "Temos mobilização de várias das principais
atletas do país. As mulheres - e também os homens - podem contribuir muito para
que esse tema entre na ordem do dia da nossa sociedade para que possamos erradicar
essa mazela", disse Picciani.
No próximo domingo (01.04), as federações de futebol do Rio
de Janeiro, São Paulo e Pernambuco e os times envolvidos nas finais dos
campeonatos estaduais vão divulgar o programa, com atletas utilizando faixas e
camisetas da campanha durante a entrada em campo.
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