A coordenação geral dos Jogos Escolares da Juventude em Mato Grosso promoveu um encontro com grandes nomes do esporte mato-grossense. Participaram figuras como Laércio de Arruda, Sabino Albertão, Josias Santana, Luiz Antônio Gomes e Hélio Machado, que durante a década de 70 foram responsáveis pelo desenvolvimento do esporte no estado.
No encontro descontraído realizado durante os Jogos Escolares em Sinop, esses pioneiros lembraram histórias da construção do esporte mato-grossense, como o impasse para transferir a Secretaria Adjunta de Esporte e Lazer de Campo Grande para Cuiabá.
No início da década de 70 a secretaria, naquela época Departamento de Esporte e Educação Física (DED), funcionava em Campo Grande, que ainda pertencia a Mato Grosso. A missão de transferir o DED para a Capital ficou nas mãos do professor Hélio Machado, hoje coordenador dos Jogos Escolares da Juventude em Mato Grosso, mas na época era apenas um rapaz recém formado que havia chegado de São Paulo para trabalhar como diretor do DED. Quando ele foi incumbido de fazer a transferência, mal sabia da encrenca em que havia se metido.
Nos anos 70 a rivalidade entre Campo Grande e Cuiabá estava à flor da pele. As novidades tecnológicas e obras modernas de infraestrutura costumavam chegar primeiro em Campo Grande, devido à proximidade da cidade com São Paulo. Nisso, os campo-grandenses se diziam mais desenvolvidos do que a capital e já se falava em divisão do estado para se criar o Mato Grosso Sul, como aconteceu anos mais tarde.
“Quando me pediram para transferir o DED para Cuiabá, eu, na minha inocência, não achei nada demais. Pensei comigo: nada mais normal do que o departamento funcionar na capital do estado”, recorda Hélio.
No entanto, foi preciso realizar uma grande operação. Hélio precisou fretar um caminhão durante a madrugada para levar as mudanças do DED em Campo Grande. Tudo deveria ser feito sem alarde, mas de alguma maneira a notícia se espalhou e no dia da mudança toda a imprensa campo-grandense estava lá para denunciar a situação.
“As manchetes dos jornais estampavam, em letras garrafais, o absurdo da transferência do DED de Campo Grande para Cuiabá. Foi um verdadeiro reboliço. Mas o Hélio manteve a postura, não arredou o pé, e fez a transferência do departamento para a capital”, recorda o ex-secretário de esporte do estado, Laércio de Arruda.
Laércio de Arruda foi diretor do DED, nos anos 70, e também ocupou o cargo de secretario de Esporte. Ele recorda que no começo do departamento tudo era muito mais difícil em relação ao que é hoje.
Realizar os jogos estudantis era uma aventura pelo interior do estado, pois as estradas não eram asfaltadas e, dependendo da região, levava-se dois dias para se chegar a uma cidade.
Quando veio a divisão do estado, em 77, o DED teve que se reinventar, pois Mato Grosso herdou as dívidas do estado novo (Mato Grosso Sul) e ficou com cidades menos desenvolvidas.
A solução, recorda Laércio, foi interiorizar os jogos estudantis e dividir o estado em 10 regiões esportivas. Esse método, que perdura até hoje, deu um novo fôlego ao evento e motivou que mais municípios participassem da competição.
Sobre os dias de hoje, Laércio, avalia que muita coisa evoluiu no esporte em Mato Grosso. “Hoje, a grande maioria dos municípios têm uma secretaria de esporte ou pelo menos um departamento para realizar as ações na área. Também temos ótimos ginásios poliesportivos espalhados pelo estado", destacou.
Jogos Escolares
Os secretários e diretores do DED também destacaram a importância dos jogos escolares para o fomento do esporte em Mato Grosso. Na avaliação deles, se um governo quer incentivar as pessoas a praticar esportes, é preciso trabalhar a base, envolvendo crianças e adolescentes.
A ideia é reforçada pelo diretor do DED, nos anos 80, Luiz Antônio Gomes, mais conhecido como Tonteta. Ele, juntamente com Sabino Albertão, Laercio de Arruda e Hélio Machado, foi um dos criadores dos Jogos Estudantis de Mato Grosso.
Na visão de Tonteta a escola é o espaço mais propício para fomentar a prática de esportes junto à população, isso desde os primeiros anos de vida do indivíduo. “Eu acho que a força do esporte está nas escolas. Precisamos retomar essa ideia e trabalhar com mais atenção o esporte na escola”, ressaltou.
A opinião é compartilhada por Sabino Albertão, que foi secretário de Esporte nos anos 90. Sua gestão foi responsável por uma série de cursos de capacitação para os professores de Educação Física do estado. “Os talentos estão dentro das escolas. Não podemos de maneira nenhuma deixar essa chama apagar”, enfatizou.
Memória viva
O atual secretário adjunto de Esporte e Lazer, Pedro Luiz Sinohara, destacou a importância de valorizar as pessoas que, lá no começo, foram fundamentais para o desenvolvimento do esporte em Mato Grosso.
Sinohara também disse que é muito gratificante fazer parte dessa história. No caso dos jogos estudantis, especificamente, ele já foi atleta, depois participou como treinador da competição e atualmente é o gestor que administra a realização dos jogos em Mato Grosso. “Para mim é uma satisfação muito grande poder continuar o legado deixado por esses mestres”, enfatizou.
Na mesma linha, o coordenador geral dos Jogos Escolares, Manoel Fonseca, ressaltou a importância de contar a história de quem fez o esporte. “A história contata não pode jamais ser esquecida. Precisamos dar o devido valor às pessoas que começaram tudo isso”, observou o professor.
Fonte:Marcio Camilo | Seduc-MT
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