Kaio nasceu um pouco antes. Cerca de um minuto, conta ele. Logo em seguida, a doméstica Ginalva Francisca deu à luz Kaike. Gêmeos idênticos, eles se criaram juntos em Várzea Grande. Mais do que irmãos, eles se consideram amigos, cúmplices e parceiros.
No futebol, Kaio Silva Mendes e Kaike Silva Mendes, hoje com 20 anos, também compartilharam as mesmas experiências. Começaram lado a lado em uma escolinha, foram apresentados juntos em um clube de empresários e conquistaram o Gauchão Juvenil com o Juventude. No final de 2012, porém, a trajetória mudou. Os gêmeos seriam separados por uma das maiores rivalidades do futebol brasileiro. O volante Kaio acertou-se com o Grêmio, e o lateral-esquerdo Kaike, com o Inter.
— Foi muito bom, mudou totalmente a nossa realidade. Fomos separados, mas por uma coisa melhor, que conquistamos jogando juntos — relembra Kaio.
Filhos de uma doméstica e de um conferente de depósito, os irmãos tiveram uma infância humilde, mas não passaram necessidades. Nas ruas do Bairro Jardim Paula 2, em Várzea Grande-MT, sempre estavam lado a lado.
O futebol começou na Escolinha do Chuvisco, atrás da casa de um dos avôs. Ao se destacarem em campeonatos da cidade, acabaram contratados pelo Brasil Central, time de empresários destinado à formação de atletas em Cuiabá-MT. Destro, Kaio era meia-direita da equipe. Kaike, canhoto, o meia-esquerda. O entrosamento, lógico, fluía naturalmente. Com apenas um olhar, eles já sabiam o que fazer.
Suspenso pelo irmão
A semelhança entre os dois era tanta que confundia. Em um campeonato, Kaio foi expulso, mas não havia reposição para a meia-direita. Na partida seguinte, Kaike cumpriu a suspensão pelo irmão.
Quando estavam com 14 anos, os gêmeos se separaram pela primeira vez. Kaio teria a chance de fazer testes no Juventude. Partiu em uma quarta-feira à noite de Mato Grosso e chegou em uma sexta pela manhã a Caxias do Sul. Saiu de casa decidido a não voltar mais. A meta era fazer carreira no futebol.
Kaike ficou em Várzea Grande e, um mês depois, rumou para Santos. Na Serra, Kaio sofreu nos primeiros meses. Em março de 2010, passou o primeiro aniversário sem a família e, logo depois, precisou encarar o inverno gaúcho. No primeiro frio longe de casa, não conseguiu dormir, só chorava.
Por mensagens e ligações, os gêmeos conversavam. No ano seguinte, se reencontraram no Rio Grande do Sul.
— Quando ele chegou com as malas, os caras do Juventude achavam que era eu que estava indo embora (risos). Em Caxias, moramos sempre no alojamento. A gente se ajudava muito. Já sabíamos o que um e o outro precisava — ressalta o hoje volante do Grêmio.
Depois do título do Gauchão Juvenil de 2012, surgiram as propostas da dupla Gre-Nal. Contratados, passaram a morar juntos em um apartamento do Bairro Menino Deus. No entanto, na hora do treino, era um para cada lado.
O encontro no Gre-Nal
Os gêmeos se enfrentaram apenas duas vezes, ambas em novembro de 2013, quando dois Gre-Nais decidiram a Copa FGF Sub-19. E quem viu, garante, saiu faísca do enfrentamento entre os irmãos. Volante pela direita, Kaio disputou espaço com Kaike, lateral-esquerdo. Ninguém tirou o pé. Depois do jogo, que terminou 2 a 2, foram embora juntos.
— Foi uma felicidade que não dá para expressar. Não imaginava que iria acontecer. Quando nos olhamos, vieram lembranças desde a escolinha. Pensei: “os dois em um clube grande, olha onde a gente chegou”. É um momento que jamais vamos esquecer — recorda Kaio.
— O pessoal da comissão (técnica) até ficou meio surpreso, acharam que a gente poderia aliviar um para o outro. Pelo contrário, nós pegamos muito. Depois, a galera falou: “pô, nem parecia irmão” — acrescenta o lateral colorado.
Incomum mesmo foi a preparação para os clássicos. Durante a semana, os colegas de time pediam que Kaike tentasse arrancar do irmão informações do Grêmio, e o mesmo ocorria com Kaio. Os gêmeos, porém, garantem, nunca deram pistas. No segundo Gre-Nal, outro 2 a 2, e vitória do Inter nos pênaltis. Kaike conta que ficou feliz por sair vitorioso, mas sentido de ver o irmão triste.
Em Porto Alegre, os gêmeos moraram juntos até 2014, quando nasceu o filho de Kaio, Mikael, hoje com um ano e três meses. Mesmo assim, seguem residindo no mesmo bairro, o Menino Deus. E estão sempre lado a lado. Saem juntos, passeiam e conversam. As famosas brigas entre irmãos ficaram na infância e na adolescência.
Clássico no profissional
Com 20 anos, os gêmeos Silva Mendes estão próximos da profissionalização. O volante gremista foi promovido ao grupo principal recentemente e chegou a ficar no banco de reservas em uma partida contra o Criciúma, pela Copa do Brasil. Kaio revela:
— O Roger me chamou. Disse que estava subindo por méritos meus, mas eu tinha que dar mais para me manter.
O lateral colorado teve destaque na conquista do Brasileirão Sub-20 de 2013, tanto que no ano seguinte foi convocado duas vezes pelo técnico Alexandre Gallo para a seleção brasileira sub-21. Atualmente, Kaike defende o time sub-20 do Inter.
O projeto dos guris é se reencontrar em um Gre-Nal, agora nos profissionais.
— É mais um sonho que a gente está buscando. Seria gratificante se enfrentar dentro da Arena ou do Beira-Rio — conclui Kaike.
Uma camisa de cada time
Inusitada também é a situação do conferente Aminalto José Mendes, 57 anos, pai dos gêmeos. Escolher a camisa do time sempre é uma dificuldade para ele.
— Para nós, é um orgulho (os filhos jogarem no Grêmio e no Inter), mas, às vezes, complica. Em uma semana, vestimos a camisa do Grêmio, na outra, a do Inter. O ideal seria ter uma camisa metade de cada time — diverte-se,
Fonte:Craques Do Rádio
Kaio nasceu um pouco antes. Cerca de um minuto, conta ele. Logo em seguida, a doméstica Ginalva Francisca deu à luz Kaike. Gêmeos idênticos, eles se criaram juntos em Várzea Grande. Mais do que irmãos, eles se consideram amigos, cúmplices e parceiros.
No futebol, Kaio Silva Mendes e Kaike Silva Mendes, hoje com 20 anos, também compartilharam as mesmas experiências. Começaram lado a lado em uma escolinha, foram apresentados juntos em um clube de empresários e conquistaram o Gauchão Juvenil com o Juventude. No final de 2012, porém, a trajetória mudou. Os gêmeos seriam separados por uma das maiores rivalidades do futebol brasileiro. O volante Kaio acertou-se com o Grêmio, e o lateral-esquerdo Kaike, com o Inter.
— Foi muito bom, mudou totalmente a nossa realidade. Fomos separados, mas por uma coisa melhor, que conquistamos jogando juntos — relembra Kaio.
Filhos de uma doméstica e de um conferente de depósito, os irmãos tiveram uma infância humilde, mas não passaram necessidades. Nas ruas do Bairro Jardim Paula 2, em Várzea Grande-MT, sempre estavam lado a lado.
O futebol começou na Escolinha do Chuvisco, atrás da casa de um dos avôs. Ao se destacarem em campeonatos da cidade, acabaram contratados pelo Brasil Central, time de empresários destinado à formação de atletas em Cuiabá-MT. Destro, Kaio era meia-direita da equipe. Kaike, canhoto, o meia-esquerda. O entrosamento, lógico, fluía naturalmente. Com apenas um olhar, eles já sabiam o que fazer.
Suspenso pelo irmão
No futebol, Kaio Silva Mendes e Kaike Silva Mendes, hoje com 20 anos, também compartilharam as mesmas experiências. Começaram lado a lado em uma escolinha, foram apresentados juntos em um clube de empresários e conquistaram o Gauchão Juvenil com o Juventude. No final de 2012, porém, a trajetória mudou. Os gêmeos seriam separados por uma das maiores rivalidades do futebol brasileiro. O volante Kaio acertou-se com o Grêmio, e o lateral-esquerdo Kaike, com o Inter.
— Foi muito bom, mudou totalmente a nossa realidade. Fomos separados, mas por uma coisa melhor, que conquistamos jogando juntos — relembra Kaio.
Filhos de uma doméstica e de um conferente de depósito, os irmãos tiveram uma infância humilde, mas não passaram necessidades. Nas ruas do Bairro Jardim Paula 2, em Várzea Grande-MT, sempre estavam lado a lado.
O futebol começou na Escolinha do Chuvisco, atrás da casa de um dos avôs. Ao se destacarem em campeonatos da cidade, acabaram contratados pelo Brasil Central, time de empresários destinado à formação de atletas em Cuiabá-MT. Destro, Kaio era meia-direita da equipe. Kaike, canhoto, o meia-esquerda. O entrosamento, lógico, fluía naturalmente. Com apenas um olhar, eles já sabiam o que fazer.
Suspenso pelo irmão
A semelhança entre os dois era tanta que confundia. Em um campeonato, Kaio foi expulso, mas não havia reposição para a meia-direita. Na partida seguinte, Kaike cumpriu a suspensão pelo irmão.
Quando estavam com 14 anos, os gêmeos se separaram pela primeira vez. Kaio teria a chance de fazer testes no Juventude. Partiu em uma quarta-feira à noite de Mato Grosso e chegou em uma sexta pela manhã a Caxias do Sul. Saiu de casa decidido a não voltar mais. A meta era fazer carreira no futebol.
Quando estavam com 14 anos, os gêmeos se separaram pela primeira vez. Kaio teria a chance de fazer testes no Juventude. Partiu em uma quarta-feira à noite de Mato Grosso e chegou em uma sexta pela manhã a Caxias do Sul. Saiu de casa decidido a não voltar mais. A meta era fazer carreira no futebol.
Kaike ficou em Várzea Grande e, um mês depois, rumou para Santos. Na Serra, Kaio sofreu nos primeiros meses. Em março de 2010, passou o primeiro aniversário sem a família e, logo depois, precisou encarar o inverno gaúcho. No primeiro frio longe de casa, não conseguiu dormir, só chorava.
Por mensagens e ligações, os gêmeos conversavam. No ano seguinte, se reencontraram no Rio Grande do Sul.
Por mensagens e ligações, os gêmeos conversavam. No ano seguinte, se reencontraram no Rio Grande do Sul.
— Quando ele chegou com as malas, os caras do Juventude achavam que era eu que estava indo embora (risos). Em Caxias, moramos sempre no alojamento. A gente se ajudava muito. Já sabíamos o que um e o outro precisava — ressalta o hoje volante do Grêmio.
Depois do título do Gauchão Juvenil de 2012, surgiram as propostas da dupla Gre-Nal. Contratados, passaram a morar juntos em um apartamento do Bairro Menino Deus. No entanto, na hora do treino, era um para cada lado.
Depois do título do Gauchão Juvenil de 2012, surgiram as propostas da dupla Gre-Nal. Contratados, passaram a morar juntos em um apartamento do Bairro Menino Deus. No entanto, na hora do treino, era um para cada lado.
O encontro no Gre-Nal
Os gêmeos se enfrentaram apenas duas vezes, ambas em novembro de 2013, quando dois Gre-Nais decidiram a Copa FGF Sub-19. E quem viu, garante, saiu faísca do enfrentamento entre os irmãos. Volante pela direita, Kaio disputou espaço com Kaike, lateral-esquerdo. Ninguém tirou o pé. Depois do jogo, que terminou 2 a 2, foram embora juntos.
— Foi uma felicidade que não dá para expressar. Não imaginava que iria acontecer. Quando nos olhamos, vieram lembranças desde a escolinha. Pensei: “os dois em um clube grande, olha onde a gente chegou”. É um momento que jamais vamos esquecer — recorda Kaio.
— O pessoal da comissão (técnica) até ficou meio surpreso, acharam que a gente poderia aliviar um para o outro. Pelo contrário, nós pegamos muito. Depois, a galera falou: “pô, nem parecia irmão” — acrescenta o lateral colorado.
— O pessoal da comissão (técnica) até ficou meio surpreso, acharam que a gente poderia aliviar um para o outro. Pelo contrário, nós pegamos muito. Depois, a galera falou: “pô, nem parecia irmão” — acrescenta o lateral colorado.
Incomum mesmo foi a preparação para os clássicos. Durante a semana, os colegas de time pediam que Kaike tentasse arrancar do irmão informações do Grêmio, e o mesmo ocorria com Kaio. Os gêmeos, porém, garantem, nunca deram pistas. No segundo Gre-Nal, outro 2 a 2, e vitória do Inter nos pênaltis. Kaike conta que ficou feliz por sair vitorioso, mas sentido de ver o irmão triste.
Em Porto Alegre, os gêmeos moraram juntos até 2014, quando nasceu o filho de Kaio, Mikael, hoje com um ano e três meses. Mesmo assim, seguem residindo no mesmo bairro, o Menino Deus. E estão sempre lado a lado. Saem juntos, passeiam e conversam. As famosas brigas entre irmãos ficaram na infância e na adolescência.
Clássico no profissional
Com 20 anos, os gêmeos Silva Mendes estão próximos da profissionalização. O volante gremista foi promovido ao grupo principal recentemente e chegou a ficar no banco de reservas em uma partida contra o Criciúma, pela Copa do Brasil. Kaio revela:
Em Porto Alegre, os gêmeos moraram juntos até 2014, quando nasceu o filho de Kaio, Mikael, hoje com um ano e três meses. Mesmo assim, seguem residindo no mesmo bairro, o Menino Deus. E estão sempre lado a lado. Saem juntos, passeiam e conversam. As famosas brigas entre irmãos ficaram na infância e na adolescência.
Clássico no profissional
Com 20 anos, os gêmeos Silva Mendes estão próximos da profissionalização. O volante gremista foi promovido ao grupo principal recentemente e chegou a ficar no banco de reservas em uma partida contra o Criciúma, pela Copa do Brasil. Kaio revela:
— O Roger me chamou. Disse que estava subindo por méritos meus, mas eu tinha que dar mais para me manter.
O lateral colorado teve destaque na conquista do Brasileirão Sub-20 de 2013, tanto que no ano seguinte foi convocado duas vezes pelo técnico Alexandre Gallo para a seleção brasileira sub-21. Atualmente, Kaike defende o time sub-20 do Inter.
O projeto dos guris é se reencontrar em um Gre-Nal, agora nos profissionais.
— É mais um sonho que a gente está buscando. Seria gratificante se enfrentar dentro da Arena ou do Beira-Rio — conclui Kaike.
Uma camisa de cada time
Inusitada também é a situação do conferente Aminalto José Mendes, 57 anos, pai dos gêmeos. Escolher a camisa do time sempre é uma dificuldade para ele.
Inusitada também é a situação do conferente Aminalto José Mendes, 57 anos, pai dos gêmeos. Escolher a camisa do time sempre é uma dificuldade para ele.
— Para nós, é um orgulho (os filhos jogarem no Grêmio e no Inter), mas, às vezes, complica. Em uma semana, vestimos a camisa do Grêmio, na outra, a do Inter. O ideal seria ter uma camisa metade de cada time — diverte-se,
Fonte:Craques Do Rádio
